@article{Corrêa_2020, title={A devoção e o protagonismo das marujas na procissão de São Benedito de Bragança}, volume={7}, url={https://periodicos.ufrn.br/equatorial/article/view/17454}, DOI={10.21680/2446-5674.2020v7n12ID17454}, abstractNote={<p>A Festa de São Benedito é uma das manifestações religiosas e culturais do Brasil contemporâneo que resulta dos processos de transformação das festas religiosas construídas durante o Brasil Colonial. A Festa, que acontece na Amazônia paraense desde o século XVIII<u>,</u> é formada por diversos rituais dentre os quais a procissão do Santo e a dança da Marujada são dois dos mais importantes. Na festa de São Benedito de Bragança, as mulheres são protagonistas por meio dos rituais, principalmente o da marujada que atravessa os demais além de proporcionar um colorido especial a esta, e a procissão do santo, que é o momento da festa que agrega mais pessoas e possui maior visibilidade. Este ensaio trata desses rituais e de um entrelaçamento mútuo. A construção desta narrativa fotográfica busca revelar o lugar das marujas, considerando as ruas da cidade de Bragança/Pará como espaço ritual, visando proporcionar uma reflexão sobre participação das mulheres e os lugares que ocupam (ou não) na procissão que se inicia na tarde do dia 26 de dezembro, em frente à Igreja dedicada ao Santo Preto, que há séculos abre suas portas de frente para o rio.</p> <p>Nas margens do Rio Caeté, diante da paisagem características de muitas das cidades com forte herança do período colonial na Amazônia, as mulheres marujas tomam e colorem o Largo de São Benedito com seus trajes vermelhos e os chapéus majestosos. Todos os anos, próximo ás 16h, um ‘cordão de marujas’ se forma em frente à Igreja de São Benedito (figura 1), onde a multidão aguarda a descida do Santo do altar e a saída em procissão, seguida por milhares de marujas, marujos, fieis, devotos, turistas e vários outros sujeitos socais. O ‘cordão das marujas’ é formado por mulheres que fazem parte do quadro da Irmandade da Marujada de São Benedito de Bragança; em fileiras duplas e de mãos dadas formam um cordão humano (figuras 3, 4 e 5), no centro estão a Capitoa e a Vice-Capitoa, personagens centrais do ritual da Marujada (figura 6), assim como outros personagens que participam da festa de forma direta ou indireta, o espaço interno que forma o cordão, e o próprio cordão, se configuram como espaços de visibilidade e privilégio no instante do ritual, sendo por tanto, espaços de disputa. O cordão ‘puxa’ a procissão e tenta manter a ordem desta, uma vez que em seguida vem o andor do santo, carregado por muitos homens marujos (figuras 7, 8 e 9), se configurando também como um espaço de visibilidade e, portanto, de prestígio social. Seguindo o andor (e também, desordenadamente, ao redor) estão os demais sujeitos sociais, como as/os marujas/os promesseiros, as/os visitantes, turistas e demais público que acompanha a procissão que segue pelas ruas de Bragança. As mulheres marujas, de diversas gerações, classe social e etnia, ocupam diversos espaços e são maioria na procissão (figuras 10 e 11) que leva o Santo de volta para a Igreja de São Benedito, onde ficará até a próxima festa.</p> <p>Este ensaio fotográfico é parte de um olhar etnográfico direcionado às mulheres marujas de São Benedito e sua importância na construção da festa, resultado de pesquisa etnográfica de participação observante nos anos de 2015 a 2016 que objetivou destacar a presença feminina em uma das maiores manifestações religiosas da Amazônia brasileira e resultou na dissertação de mestrado defendida em 2017 no PPGA/UFPA. As fotografias foram obtidas com Câmera superzoom Fujifilm Finepix e alguns ajustes foram realizados no programa de edição de imagem PhotoScape.</p>}, number={12}, journal={Equatorial – Revista do Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social}, author={Corrêa, Ester Paixão}, year={2020}, month={mar.}, pages={1–15} }