@article{Araújo_2016, title={Por que estudar os sons da linguagem}, volume={1}, url={https://periodicos.ufrn.br/gelne/article/view/9292}, abstractNote={Gostaria de começar este explanação lendo com<br />vocês os poemas de Cecília Meireles que aqui trouxe.<br />Gostaria de ler estes poemas com vocês e sentilos:<br />um tem tema referencial, é o relato - poético<br />evidentemente - de um episódio de nossa História; o<br />outro é um texto com tema emotivo, para continuarmos<br />usando a terminologia de Jakobson para as funções<br />da linguagem, isto é, centrado no eu, expressando<br />a subjetividade do emissor. Nos dois manifesta-se<br />uma visão do signo lingüístico, embora não seja este<br />o interesse central de nenhum dos dois.<br />O primeiro, Romance LIII ou Das palavras<br />aéreas, diz na primeira estrofe: Ai, palavras, ai,<br />palavras/ [...]/ sois de vento, ides no vento,... e na<br />última: Éreis um sopro na aragem/ Sois um homem<br />que se enforca.<br />O segundo, Canção, se inicia dizendo: Nunca<br />eu tivera querido/ dizer palavra tão louca/ bateume<br />o vento na boca/ e depois no teu ouvido. Levou<br />somente a palavra/ deixou ficar o sentido.<br />De que modo estes poemas referem ao signo<br />lingüístico? Elas o fazem na medida em que chamam<br />atenção para os dois lados que tem a palavra<br />(equivalente a signo): “sois de vento, ides no vento”...<br />E vos transformais em tanta coisa...; o vento<br />leva somente a palavra [e deixa] ficar o sentido”.<br />O signo lingüístico é, já o discutiam os gregos<br />(ver o diálogo Crátilo, de Platão) e o definiu Saussure,<br />uma entidade bifacetada: som e significado intimamente<br />entrelaçados. Em nossa língua ou em qualquer<br />outra que falemos como nativos, escutar uma seqüência<br />sonora, em geral, permite-nos encontrar uma<br />imagem mental (não necessariamente visual), que por<br />ela é recoberta. Quando se trata de uma língua desconhecida,<br />só o complexo fônico nos chega à percepção<br />e, em geral, como um bloco, no qual nos é<br />difícil distinguir elementos discretos.<br />Mas, se da nossa língua nos é possível ter a<br />compreensão e, pensamos ter, a identificação dos elementos,<br />em que a Fonética e Fonologia nos seriam<br />úteis em relação a ela?<br />Para que, além da pura identificação dos sons<br />utilizados em nosso idioma, é importante, enquanto<br />professores de Língua e Literatura, dominarmos<br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br />}, number={1}, journal={Revista do GELNE}, author={Araújo, Leopodina}, year={2016}, month={fev.}, pages={134–136} }