Revista do GELNE
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Portal de Periódicos Eletrônicos da UFRNpt-BRRevista do GELNE2236-0883<p><a href="http://creativecommons.org/licenses/by-nc-sa/3.0/" rel="license"><img src="http://i.creativecommons.org/l/by-nc-sa/3.0/88x31.png" alt="Licença Creative Commons"></a><br>Este trabalho foi licenciado com uma Licença <a href="http://creativecommons.org/licenses/by-nc-sa/3.0/" rel="license">Creative Commons - Atribuição - NãoComercial - CompartilhaIgual 3.0 Não Adaptada</a>.</p>As tensões do jardim: a construção discursiva da epifania no conto "Amor", de Clarice Lispector
https://periodicos.ufrn.br/gelne/article/view/33239
<p>Este trabalho busca oferecer uma descrição discursiva daquilo que a crítica literária (CAMPOS, 2017; SÁ, 2000) cunhou como “epifania” ou como “indecifrabilidade” na obra de Clarice Lispector. Para tanto, apoiamo-nos nas ferramentas da semiótica discursiva (GREIMAS, 2014) e de seu desdobramento tensivo (ZILBERBERG, 2006a; 2006b; 2011) a fim de analisar o arranjo particular da epifania em “Amor” (LISPECTOR, 2020). Acompanhando o percurso da narrativa, este artigo discute inicialmente a construção do estado instável em que se encontra a personagem. Aborda-se para tanto a configuração temporal de sua viagem de bonde, bem como de seu fluxo interno de pensamento; a construção de um destinador social que a enlaça em seu cotidiano; e o fluxo aspectual que se estabelece entre presente e passado. Em seguida, discute-se a aparição epifânica e sua ligação profunda com os sentimentos de piedade e compaixão (LIMA, 2016) e continua-se com a descrição dos desdobramentos dessa fratura do cotidiano (GREIMAS, 2017) no conflito sensível que experimenta a personagem no Jardim Botânico. Seu percurso termina na volta ao lar, que se vê invadido pelas sensações do exterior (o não-lar). O artigo finda por descrever a progressão discursiva de restabelecimento da personagem até seu repouso na conjunção com o marido. Por meio do escrutínio desse conto, mostra-se que, longe de ser indecifrável, a confusão da personagem está, ao contrário, profundamente urdida no tecido discursivo e organizada para levar o leitor a sentir, com Ana, a epifania piedosa.</p>Carolina Lindenberg LemosBeatriz Farias Mendes
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2024-01-222024-01-22261e33239e3323910.21680/1517-7874.2024v26n1ID33239Emulação e integração na construção de sentidos: uma análise cognitiva do conto "Continuidad de los Parques" de Julio Cortázar
https://periodicos.ufrn.br/gelne/article/view/33140
<p>Este estudo explora a interseção entre o uso prático da linguagem e os processos mentais envolvidos na aquisição e uso do conhecimento, com foco na literatura fantástica. Através da análise do conto <em>Continuidad de los Parques</em>, de Julio Cortázar, o estudo investiga como a linguagem molda nossa cognição e organiza nossas experiências perceptomotoras. O estudo identifica três processos cognitivos principais ativados durante a leitura: evocação, integração e emulação. A evocação é o processo pelo qual certos conceitos ou domínios são trazidos à mente do leitor por meio de pistas linguísticas no texto. A integração é o processo de combinação de esquemas cognitivos na formação de esquemas complexos que suportam a emulação de <em>frames</em>. Finalmente, a emulação é a construção de enquadramentos a partir da base topológica dos esquemas. Os resultados deste estudo sugerem que a linguagem, ao configurar universos narrativos que desafiam e engajam a cognição do leitor, atua efetivamente como uma ferramenta de modelagem mental. Esta capacidade da linguagem de moldar a percepção e o pensamento abre novas perspectivas para a compreensão da dinâmica interativa entre linguagem e processos cognitivos, enfatizando seu papel vital na construção de experiências de leitura profundamente envolventes e cognitivamente estimulantes.</p>Paulo Henrique DuqueTulio de Santana Batista
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2024-01-222024-01-22261e33140e3314010.21680/1517-7874.2024v26n1ID33140Ivete Sangalo em cena: face e representação
https://periodicos.ufrn.br/gelne/article/view/33575
<p>Este trabalho insere-se no campo da Sociolinguística Interacional e tem como objetivo investigar a construção da autoimagem da cantora Ivete Sangalo em uma entrevista cedida a uma rádio baiana no ano de 2017. Os pressupostos teóricos relacionam-se à concepção de <em>face, </em>introduzida por Goffman (1980; 1985; 2004; 2010; 2011; 2014), e seus desdobramentos no que se relaciona à ordem ritual, à linha de conduta e à representação, conceitos e categorias importantes para delinear o perfil (<em>self</em> ) da artista, considerada uma celebridade, na interação escolhida para este trabalho. A pesquisa, de natureza qualitativa-interpretativista, explora os estímulos <em>maneira</em> e <em>aparência</em> apresentados por Goffman (1985), tratando-os como critérios de análise da representação da face projetada pela cantora e reforçada pela mídia: uma face coadunada, especialmente, com traços ligadas à simpatia.</p>Victoria Wilson da Costa CoelhoRafael do Nascimento Silva
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2024-02-192024-02-19261e33575e3357510.21680/1517-7874.2024v26n1ID33575Vidas provisórias: identidade, nacionalismo, desterritorialização e diáspora
https://periodicos.ufrn.br/gelne/article/view/32678
<p>Este artigo tem por objetivo analisar a personagem Barbara do romance <em>Vidas provisórias</em>, publicado por Edney Silvestre em 2013, a partir da discussão teórica da construção de identidade e de um dos mais importantes desdobramentos da identidade que é o nacionalismo, o sentimento de pertença a um determinado espaço geográfico. A base teórica organiza-se em discussões perpetradas por Hall (2006 e 2013), Bauman (2001), Kristeva (1994), Anderson (2008), Deleuze e Guattari (1995) e Todorov (1983). Também foram utilizados teóricos dedicados ao estudo de personagem e à literatura brasileira contemporânea. Barbara, no início dos anos 90, deixa o Brasil rumo aos Estados Unidos, onde passa a viver como imigrante ilegal. A adolescente, que não fala inglês, sobrevive fazendo faxina e, nas horas vagas, trabalha como manicure. Em terras estrangeiras, a personagem convive com a terrível sensação de não pertencimento, sentindo-se perdida e pequena em um mundo vasto e desconhecido.</p>Ricardo André Ferreira MartinsLuciana BritoRondinele Aparecido Ribeiro
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2024-02-202024-02-20261e32678e3267810.21680/1517-7874.2024v26n1ID32678Palatalização de /S/ em Natal e em São José de Mipibu-RN
https://periodicos.ufrn.br/gelne/article/view/35049
<p>Este artigo objetiva retomar e ampliar a análise da palatalização de /S/ na fala das cidades de Natal e de São José de Mipibu-RN. Partimos, fundamentalmente, dos pressupostos teóricos e metodológicos da Sociolinguística Variacionista (Labov, 2008 [1972]) para análise dos dados de fala dessas comunidades, coletados em entrevistas sociolinguísticas realizadas em 2019. Os dados foram submetidos à análise de regressão logística com uso do pacote Rbrul (Johnson, 2009), executado no ambiente R (R core team, 2021). Os resultados do modelo estatístico indicam os fatores <em>segmento seguinte e</em> <em>faixa etária</em> como relevantes para explicação do processo. A análise sincrônica dos resultados possibilita a interpretação da palatalização de /S/ como um fenômeno de condicionamento mais linguístico do que social. Também se estabelece uma análise diacrônica decorrente da comparação dos dados coletados em 2019 e os registrados em Pessoa (1986, 1991). A comparação permite tanto observar a ampliação mais efetiva do condicionamento linguístico quanto ampliar, do ponto de vista sociocultural, o grupo dos informantes em relação ao <em>sexo</em>. Além disso, com base na conformação da escala de sonoridade de Clements e Hume (1995) e na hierarquia de complexidade de sons proposta por Anderson e Ewen (2009 [1987]), identificamos que a expansão dos contextos favorecedores da palatalização respeita um ordenamento crescente de sonoridade e de complexidade, permitindo um correlato com a aquisição da linguagem.</p>Gabriel SalesPriscila Sheila de Medeiros da SilvaCarla Maria CunhaThayná Cristina Ananias
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2024-03-122024-03-12261e35049e3504910.21680/1517-7874.2024v26n1ID35049Fenomenologia da percepção em Orides Fontela: voos desassossegados por uma poesia filosofante
https://periodicos.ufrn.br/gelne/article/view/34115
<p>O propósito deste texto é observar como a fenomenologia da percepção, perspectiva filosófica instaurada em meados do século XX, emerge na poesia da brasileira Orides Fontela cuja obra ressona ostensiva e extensivamente nos campos da filosofia. A fim de alcançarmos determinado ensejo, tomamos como orientação teórica os estudos de Merleau-Ponty (1999; 2004), que refletem a respeito da experiência fenomênica do sujeito com o mundo e as relações que ele, mediante a percepção, estabelece com os demais elementos os quais constituem o cosmos. Para além do filósofo citado, levamos em conta as ponderações de estudiosos que seguem o pensamento fenomenológico, como Chauí (1980) e Eric Matthews (2010), além de críticos da pouco reconhecida autora paulista. Os poemas selecionados para este escrito são “Diálogo”, “Gênesis”, “Sensação”, “Elegia (I)”, “Migração”, “Habitat” e “O antipássaro”. Os textos elegem um objeto-outro, na sua maioria o pássaro, estabelecido como ponto de contemplação para a virada da experiência (sensorial e filosófica). Analisando uma poesia que revela o ser em estado de vacilo perante o espanto da existência, sobrevoamos a desassossegada condição humana.</p>Eduardo Lima BeserraAna Clara Magalhães de MedeirosRenata Pimentel Teixeira
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2024-04-012024-04-01261e34115e3411510.21680/1517-7874.2024v26n1ID34115"Eu escolho a escola!": a escrita do texto dissertativo-argumentativo a partir do gênero documentário
https://periodicos.ufrn.br/gelne/article/view/33603
<p>A escrita do texto dissertativo-argumentativo, no Ensino Médio, requer investigações que estejam sintonizadas com o universo multissemiótico em que os estudantes estão inseridos. Com efeito, nessa pesquisa, cujo suporte teórico se fundamenta nos Novos Estudos do Letramento (STREET, 2014; Heath, 1982; Bortoni-Ricardo, 2005; Kleiman, 2007; COSTA, 2016; TFOUNI, 2012 [1994]), buscou-se aferir, em que medida, o trabalho com o gênero documentário, na disciplina de Língua Portuguesa, contribui para a formulação de sequências narrativas e argumentativas (Adam, 2011), as quais, em articulação, podem estruturar a escrita do texto dissertativo-argumentativo. A pesquisa-ação realizada, de cunho etnográfico, contou com a participação de 15 (quinze) sujeitos, jovens e adolescentes de 16 a 20 anos, estudantes das turmas de 2ª e 3ª séries de uma escola da rede estadual de Teresina-PI. Em termos pedagógicos, a sequência didática aplicada (Pessoa, 2014) compreendeu eventos de oralidade (rodas de conversa) e eventos de escrita (produção de resenhas cinematográficas e textos dissertativo-argumentativos). Nesse trabalho, vale registrar, a elaboração de resenhas cinematográficas constituiu uma estratégia que subsidiou, preliminarmente, a confecção de sequências narrativas e argumentativas, as quais seriam, em momento posterior, retextualizadas nos textos dissertativo-argumentativos. Outrossim, os dados revelaram que um gênero que congrega a linguagem verbal e visual, a exemplo do documentário, promove um significativo diálogo com as experiências socioculturais dos estudantes, assim como contribui para o desenvolvimento da oralidade e composição de proposições narrativas de base e sequências argumentativas. Tais movimentos, consequentemente, favoreceram, tanto do ponto de vista crítico quanto autoral, a construção de textos dissertativo-argumentativos, sob o enfoque dos letramentos escolares.</p>Catarina de Sena Sirqueira Mendes da CostaVirna Pereira Teixeira
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2024-04-032024-04-03261e33603e3360310.21680/1517-7874.2024v26n1ID33603