imagem copiada equatorial

19-01-2023

A Antropologia e a fotografia caminham juntas desde seus primórdios, percorrendo caminhos de continuidades e descontinuidades. Nesse percurso a fotografia e as imagens no geral agenciaram transformações na própria disciplina (NOVAES, 2009). No contexto contemporâneo de desenvolvimento das técnicas fotográficas - estas ampliadas não só pela difusão da câmera digital, mas também pelos usos de smartphones com câmeras -, vemos a produção e análise de imagens de forma cada vez mais aliada à construção da prática etnográfica, inovando-a em seus aspectos metodológicos, teóricos, éticos, estéticos e experimentais.

Os usos das imagens na pesquisa antropológica vão além da exposição de resultados de pesquisa ou da confirmação visual daquilo que foi explicado textualmente. As fotografias não só suscitam pensamentos e reflexões, mas são, como diria Etienne Samain (1998), formas de ver e pensar, ou, quando posta em associação com outras imagens, são formas que pensam (SAMAIN, 2012); sendo elas um caminho metodológico/reflexivo para se praticar a Antropologia, criando interpretações e reflexões a respeito dos sentidos da alteridade mediada pelas imagens.

Dito isso, nesse dossiê da Equatorial, buscamos produções que fazem antropologia com e por fotografias, produzindo reflexões antropológicas feitas a partir de experimentações fotográficas, dando as imagens o protagonismo na construção do conhecimento, e, que ajudem a refletir sobre os usos e as possibilidades da fotografia na pesquisa antropológica, bem como problematizações dos encontros entre essas áreas tanto contemporaneamente, quanto de uma perspectiva histórica, alavancando os caminhos e as trocas estabelecidas entre ambas.Vamos abrir maior espaço para ensaios fotográficos antropológicos, mantendo ainda os outros formatos aceitos pela revista.