ILUSÃO TOTAL E DIFERENÇA. DILEMAS SOBRE O SISTEMA PRISIONAL BRASILEIRO

Autores

  • Bruno Rotta Almeida

DOI:

https://doi.org/10.21680/2318-0277.2017v5n1ID12102

Resumo

O artigo estuda os dilemas que envolvem a ilusão da totalidade e a diferença

no contexto da execução penal brasileira. A ilusão totalizadora se reproduz

mediante a crença na lei e entra em choque com a diferença da realidade,

encobrindo a violência do controle penal. A contradição entre o plano do

direito positivo e as realidades e sociabilidades carcerárias faz emergir tons

agressivos acerca da norma e da respectiva crença. A aceitabilidade e

naturalização da violência institucional é um exemplo disso. O texto busca

compreender, justamente, esse processo histórico, propondo ao final

algumas perspectivas de enfrentamento.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

ADORNO, Sérgio. Foucault, a lei e o direito. In: SCAVONE, Lucila; ALVAREZ, Marcos César;

MISKOLCI, Richard (orgs.). O legado de Foucault. São Paulo: Editora da UNESP, 2006.

ALMEIDA, Bruno Rotta; MASSAÚ, Guilherme Camargo. A normalidade do desumano: a

banalidade do mal no sistema penitenciário brasileiro. Derecho y Cambio Social, Lima, Peru, a.

, n. 41, 2015.

ANDRADE, Vera Regina Pereira de. A ilusão de segurança jurídica: do controle da violência à

violência do controle penal. 2. ed. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2003.

ANITUA, Gabriel Ignacio. Castigo, cárceles y controles. Buenos Aires: Didot, 2013.

______; QUIRÓS, Diego Zysman. Presentación. In: ANITUA, Gabriel Ignacio; QUIRÓS, Diego

Zysman. La tortura: una práctica estructural del sistema penal, el delito más grave. Buenos

Aires: Didot, 2013

AZERRAD, Marcos Edgardo. Crisis carcelaria, violencia institucional y clasificación de los

reclusos: Violación de garantías y convenciones internacionales. Córdoba: Lerner, 2010.

AZEVEDO, Rodrigo Ghiringhelli de. Força do direito e a violência das formas jurídicas. Revista

de Sociologia e Política, v. 19, no 40: 27-41 out. 2011.

BAUMAN, Zygmunt. Globalização: as consequências humanas. Rio de Janeiro: Jorge Zahar,

______. Legisladores e intérpretes: sobre modernidade, pós-modernidade e intelectuais. Trad.

Renato Aguiar. Rio de Janeiro: Zahar, 2010.

BECCARIA, Cesare Bonesana. Dos delitos e das penas. Rio de Janeiro: Rio, 1979.

BENTHAM, Jeremy. Principios de legislación y de codificación. Tomo III. Trad. Francisco Ferrer y

Valls. Madrid: Tomas Jordan, 1834.

BERGALLI, Roberto. ¡Esta es la carcel que tenemos... (Pero no queremos)! In: RIVERA BEIRAS,

Iñaki. Carcel y derechos humanos. Un enfoque relativo a la defensa de los derechos

fundamentales de los reclusos. Barcelona: Bosch, 1992.

BOURDIEU, Pierre. O poder simbólico. Trad. Fernando Tomaz. 12. ed. Rio de Janeiro: Bertrand

Brasil, 2009.

Brasil teve mais de 370 mortes violentas nos presídios em 2016. Disponível em:

<http://g1.globo.com/politica/noticia/brasil-teve-mais-de-370-mortes-violentas-nos-presidios-em-

ghtml>. Acesso em: 14 mar. 2017.

BRASIL. Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Disponível em:

<http://www.forumseguranca.org.br/>. Acesso em: 25 fev.. 2017

______. Ministério da Justiça. Departamento Penitenciário Nacional. Levantamento Nacional de

Informações Penitenciárias Infopen - dezembro de 2014. Disponível em:

<http://www.justica.gov.br/>. Acesso em: 25 fev. 2017.

______. Ministério da Justiça. Departamento Penitenciário Nacional. Levantamento Nacional de

Informações Penitenciárias Infopen - junho de 2014. Disponível em:

<http://www.justica.gov.br/>. Acesso em: 25 fev. 2017.

______. Ministério da Saúde, Portal Saúde. Disponível em

<http://portalsaude.saude.gov.br/index.php/o-ministerio/principal/leia-mais-o-ministerio/743-

secretariasvs/vigilancia-de-a-a-z/tuberculose/l2-tuberculose/11941-viajantes-tuberculose>. Acesso

em: 25 fev. 2017.

CASOLA, Laura; MONASTEROLO, Natalia. Violencia institucional: la construcción objetivo-

subjetiva de un nuevo concepto a través de las instancias de prevención, corrección y

ejecución penitenciaria. Córdoba: Nuevo Enfoque, 2012.

CHIES, Luiz Antônio Bogo. A questão penitenciária. Tempo social, revista de sociologia da USP,

v. 25, n. 1, 2013.

______. Do campo ao campo: análise da questão penitenciária no Brasil contemporâneo. O público

e o privado, n. 26, julho/dezembro, 2015.

______. Questão penitenciária: obstáculos epistemológicos e complexidade. Revista Paranaense

de Desenvolvimento, Curitiba, v. 35, n. 126, jan./jun. 2014.

COSTA, Pietro. Il progetto giuridico. Ricerche sulla giurisprudenza del liberalismo classico.

Vol I. Milano: Guffrè, 1974.

FAUSTO, Boris. História do Brasil. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2010.

FERRAJOLI, Luigi. Jurisdicción y ejecución penal. La cárcel: una contradicción institucional. In:

GARCÍA-BORÉS ESPÍ, Josep; RIVERA BEIRAS, Iñaki (coord.) La cárcel dispar: Retóricas de

legitimación y mecanismos externos para la defensa de los derechos humanos en el ámbito

penitenciario. Barcelona: Bellaterra, 2016.

FOUCAULT, Michel. A verdade e as formas jurídicas. Trad. Roberto Cabral de Melo Machado e

Eduardo Jardim Morais. Rio de Janeiro: NAU, 2002.

______. As palavras e as coisas: uma arqueologia das ciências humanas. Trad. Salma Tannus

Muchail. 9. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2007.

GARLAND, David. A cultura do controle: crime e ordem social na sociedade contemporânea.

Rio de Janeiro: Revan, 2008.

______. Castigo y sociedad moderna: un estudio de teoría social. Ciudad de México: Siglo XXI,

GAUER, Ruth Maria Chittó. A fundação da norma: para além da racionalidade histórica. Porto

Alegre: EDIPUCRS, 2011.

HESPANHA, Antonio. Justiça e litigiosidade: história e prospectiva. Lisboa: Fundação Calouste

Gulbenkian, 1993.

INDA, Andrés García. La violencia de las formas jurídicas: la sociología del poder y el derecho

de Pierre Bourdieu. Barcelona: Cedecs, 1997.

KEHL, Maria Rita. Tortura e sintoma social. In: TELES, Edson; SAFATLE, Vladimir (org.). O que

resta da ditadura? – a exceção brasileira. São Paulo: Boitempo, 2010.

MATO GROSSO. Decreto n. 1.899, de 26 de agosto de 2013. Disponível em:

<http://www.mt.gov.br/>. Acesso em: 15 abr. 2016.

MATO GROSSO DO SUL. Decreto n. 12.140, de 17 de agosto de 2006. Disponível em:

<http://www.ms.gov.br/>. Acesso em: 15 abr. 2016.

NEUMAN, Elías. El estado penal y la prisión-muerte. Buenos Aires: Editorial Universidad, 2001.

______. Victimología y control social: las víctimas del sistema penal. Buenos Aires: Editorial

Universidad, 1994.

OST, François. O tempo do direito. Lisboa: Instituto Piaget, 2001.

PAVARINI, Massimo. Estrategias de lucha. Los derechos de los detenidos y el abolicionismo.

Delito y Sociedad. Revista de Ciencias Sociales. Año 17, n. 26, 2008.

PECH, Thierry. Neutralizar a pena. In: GARAPON, Antoine; GROS, Frédéric; PECH, Thierry.

Punir em democracia: e a justiça será. Lisboa: Instituto Piaget, 2001.

RIO DE JANEIRO. Decreto n. 8.897, de 31 de março de 1986. Disponível em:

<http://www.alerj.rj.gov.br/>. Acesso em: 15 abr. 2016.

RIVERA BEIRAS, Iñaki. La cuestión carcelaria: historia, epistemología, derecho y política

penitenciara. 2. ed. Buenos Aires: Del Puerto, 2009.

______. La devaluación de los derechos fundamentales de los reclusos: La construcción

jurídica de un ciudadano de segunda categoría. Barcelona: Bosch, 1997.

ROCHA, Álvaro Filipe Oxley da. Violência simbólica: o controle social na forma da lei. Porto

Alegre: EDIPUCRS, 2015.

RONDÔNIA. Decreto n. 18.329, de 29 de outubro de 2013. Disponível em:

<http://cotel.casacivil.ro.gov.br/>. Acesso em: 15 abr. 2016.

RORAIMA. Decreto n. 16.784-E, de 17 de março de 2014. Disponível em:

<http://www.imprensaoficial.rr.gov.br>. Acesso em: 15 abr. 2016.

SANTA CATARINA. Lei Complementar n. 529, de 17 de janeiro de 2011. Disponível em:

<http://www.deap.sc.gov.br/>. Acesso em: 15 abr. 2016.

SOUZA, Jessé. Ralé brasileira: quem é e como vive. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2009.

THOMPSON, Augusto. A questão penitenciária. 5. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2000.

WACQUANT, Löic. As prisões da miséria. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2001.

Downloads

Publicado

24-05-2017

Como Citar

ALMEIDA, B. R. ILUSÃO TOTAL E DIFERENÇA. DILEMAS SOBRE O SISTEMA PRISIONAL BRASILEIRO. Revista Transgressões, [S. l.], v. 5, n. 1, p. 80–98, 2017. DOI: 10.21680/2318-0277.2017v5n1ID12102. Disponível em: https://periodicos.ufrn.br/transgressoes/article/view/12102. Acesso em: 26 abr. 2024.

Edição

Seção

Artigos