O que quer, o que pode esta língua?: narrativas do corpo na poesia e na prosa de Glauco Mattoso

Resumo

Este texto aborda a obra literária do poeta e escritor, considerado maldito ou marginal,
Glauco Mattoso, mapeando as suas narrativas sobre os corpos. Seus escritos, de cunho
memorialístico ou autobiográfico, vão desenhando vários corpos não só para si, mas
também para aqueles que com ele se relacionam. Corpos desenhados mais pela
remissão a outros sentidos que não a visão. Corpos masculinos, centrados nos pés, nos
órgãos sexuais e no ânus. Corpos sem rosto, corpos fragmentados. Corpos que rompem
em seus desejos e em suas práticas eróticas os binarismos de gênero, a
heteronormatividade e a centralidade dos genitais e da própria sexualidade no campo do
prazer. Corpos que emergem em narrativas que transgridem não somente as normas
sociais, como também as próprias normas literárias. Corpos construídos e consumidos
com o uso da língua.