A CHINA E O NEOLIBERALISMO
Para além da dicotomia de se a China é ou não liberal
DOI:
https://doi.org/10.21680/1982-5560.2023v24n2ID35924Palavras-chave:
China, neoliberalismo, planificação, mercadoResumo
O presente artigo busca debater como o neoliberalismo se tornou relevante para a China, procurando superar a irresolúvel dicotomia analítica encerrada na pergunta sobre se a China teria abraçado, ou não, o modelo econômico neoliberal. Consequentemente, o trabalho pretende examinar o desenvolvimento chinês ao longo das últimas décadas e as políticas adotadas, em debate com pensadores clássicos neoliberais e também marxistas. Partimos de uma análise do neoliberalismo como paradigma anti-coletivista em meio à crise do próprio coletivismo, do avanço do neoliberalismo na China após a crise dos anos 1970 e a morte de Mao. Em resposta à crise, foi implementada uma primeira grande reforma, o sistema de responsabilidade doméstica (HRS), que manteve o sistema de planificação e a terra nacionalizada, não integrada ao anti-coletivismo neoliberal. A segunda reforma analisada é a reforma que leva ao duplo monitoramento de preços na década de 1980, que foi desafiada pela mais alta liderança da China e chegou a se aproximar de uma liberalização de preços em grande escala. Em 1988, o país sofreu uma inflação histórica que está diretamente conectada aos protestos sociais e trágicos acontecimentos de 1989. Assim, Weber analisa o processo que levou a uma reavaliação crítica da economia planificada chinesa, cuja crise teria tornado o neoliberalismo relevante na medida em que o desenvolvimento econômico e a integração na economia global passaram a ser os principais objetivos do governo em Pequim. À luz disso, a autora busca comparar a implementação destas reformas com as “terapias de choque” implementadas em países do Leste Europeu, assim como a continuidade das políticas privatizantes nos anos 1990.
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