Entre memória e ficção: uma leitura dos registros cascudianos
Palavras-chave:
Cascudo, Memória, Dialogismo, Trajetória intelectualResumo
Propomos uma leitura dialógica, a três vozes, de Na ronda do tempo, Ontem: maginações e notas de um professor de província e Prelúdio e fuga do real, obras de Luís da Câmara Cascudo. Na ronda do tempo (1969) e Ontem (1972) são diários compostos por notas múltiplas e fragmentárias, registro da vasta e múltipla experiência de Cascudo como professor, historiador, leitor de literatura, potiguar frequentador dos bares natalenses e anfitrião na sua conhecida casa da avenida Junqueira Aires. O Prelúdio e fuga do real, por sua vez, data de 1974 e é composto por diálogos imaginários entre um narrador-personagem que atende ao vocativo de “professor”, e personagens históricos, mitológicos ou ficcionais, além de intelectuais e políticos. Sua narrativa imaginária parece constituir o desenvolvimento e a problematização de muitas observações anteriores, por meio de uma escrita complexa que mescla ficção e memorialismo, servida pelos recursos expressivos próprios desses dois modos da produção literária. Nosso objetivo principal é caracterizar o diálogo existente entre os registros memorialísticos dos diários e a escrita híbrida do Prelúdio e fuga do real, observando o imbricamento da ficção e da memória e, mais extensamente, a interação entre as memórias de leituras e as memórias de vida.
Regina Lúcia de Medeiros é mestre (Mestrado Acadêmico) em Estudos da Linguagem (2013), na área de concentração em Literatura Comparada. Possui graduação em Letras com habilitação plena em Língua Portuguesa e Literaturas pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (2010), especialização em Leitura e Produção de Textos (2011) pela mesma universidade. Atualmente, cursa o Doutorado em Literatura Comparada junto ao Programa de Pós-graduação em Estudos da Linguagem (PPgEL) da UFRN.
Artigo submetido para avaliação em 09/10/2016; publicado em 09/11/2016