Precipitação Geoquímica em Ambientes Evaporíticos/Hipersalinos – o caso das Salinas Solares do Brasil

Autores

  • Diógenes Félix da Silva Costa Universidade Federal do Rio Grande do Norte
  • Diego Emanoel Moreira da Silva Universidade Federal do Rio Grande do Norte
  • Ana Caroline Damasceno Souza Universidade Federal do Rio Grande do Norte
  • Denise Santos Saldanha Universidade Federal do Rio Grande do Norte
  • Ana Isabel Lillebø Universidade de Aveiro, Portugal.

DOI:

https://doi.org/10.21680/2447-3359.2018v4n1ID13973

Resumo

As salinas têm sido utilizadas pelo homem há milênios, sendo compostas por uma série de tanques rasos e interconectados, nos quais a água do mar/estuário é captada e transferida de um tanque para outro por gravidade ou por bombeamento, onde a produção do sal se dá a partir da saturação e precipitação dos sais por evaporação solar. Objetivou-se identificar e descrever o processo de deposição e formação de sais em ambientes evaporíticos artificiais (salinas solares) do Brasil. Verificou-se que a precipitação de sais nas salinas incluiu os compostos menos solúveis na base para o mais solúvel na parte superior da sequência, na seguinte ordem: carbonatos (CaCO3), gipsita (CaSO42H2O), halita (NaCl), sais de potássio - silvinita (sistema NaCl-KCl), e magnésio - biscofita (MgCl2.6H2O). Os carbonatos precipitam-se em salinidades em torno de 50 a 80gL-1, seguidos dos sulfatos, que precipitam-se gradativamente ao longo dos evaporadores da salina, até atingir seu máximo de precipitação entre 150 e 160gL-1. As maiores quantidades de cristais de halita são formadas quando a concentração total da salinidade atingiu um valor acima de 240gL-1. A variação e sequência de deposição evaporítica nas salinas apresentam limites diferentes de dissolução no ambiente, vindo a precipitar-se quando atingem saturações máximas.

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Biografia do Autor

Diógenes Félix da Silva Costa, Universidade Federal do Rio Grande do Norte

Dr. Diógenes Félix da Silva Costa Doutor em Ecologia / Professor Assistente Laboratório de Biogeografia Departamento de Geografia, Fed. Univ. do Rio Grande do Norte.

Ana Isabel Lillebø, Universidade de Aveiro, Portugal.

CESAM – Centro de estudos do Ambiente e do Mar, Departamento de Biologia, Universidade de Aveiro, Portugal

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Publicado

03-07-2018

Como Citar

COSTA, D. F. da S.; DA SILVA, D. E. M.; SOUZA, A. C. D.; SALDANHA, D. S.; LILLEBØ, A. I. Precipitação Geoquímica em Ambientes Evaporíticos/Hipersalinos – o caso das Salinas Solares do Brasil. Revista de Geociências do Nordeste, [S. l.], v. 4, n. 1, p. 58–70, 2018. DOI: 10.21680/2447-3359.2018v4n1ID13973. Disponível em: https://periodicos.ufrn.br/revistadoregne/article/view/13973. Acesso em: 8 nov. 2024.

Edição

Seção

Artigos