Madame Satã e o artifício como construção estética de novas formas de vida
Resumo
O presente artigo almeja discutir o filme brasileiro Madame Satã (Karim Aïnouz, 2002) sob o signo do artifício e do camp a partir da hipótese que essa sensibilidade é empregada de maneira a permitir vislumbres de novas formas de vida. Partindo dessa hipótese central, argumento que as cenas do filme aqui analisadas, através da performance e do espetáculo, possuem potencial de criação de novas estéticas e afetos propiciados por uma relação direta e ativa com corpos desviantes e socialmente estigmatizados. Essa discussão também busca localizar Madame Satã dentro de uma recente discussão acadêmica brasileira sobre o “retorno do artifício” nos filmes nacionais produzidos na última década. Ao tentar trazer à luz a enriquecedora discussão propiciada pela ideia do artifício como construção estética de novas formas de vidas queers, o artigo também promove uma leitura comparativa com o romance francês Madame Bovary.