Diferenças e (des)igualdades
Resumo
O presente artigo examina a maneira pela qual as meninas, numericamente
minoritárias nos percursos escolares “masculinos” (tecnológicos
e profissionais) dos liceus profissionais franceses, percebem as atitudes
de seus professores em relação a grupos e/ou classes mistos. A partir
dessas percepções e de minhas observações, analiso como essas atitudes
podem influenciar na (re)produção ou no questionamento da ordem
de gênero no interior desses espaços escolares. Três tipos de atitudes e
gestão de grupos/classes mistos, por parte dos professores, foram identificados.
O primeiro caracteriza-se por produzir diferenças, rejeitando
concomitantemente as meninas, criando, assim, desigualdades explícitas.
O segundo é marcado pela fabricação de distinções, supervalorizando
o feminino e reproduzindo desigualdades sem problematizá-las.
Por fim, o terceiro não age a partir de diferenças, havendo nele, porém,
uma subdivisão: os “progressistas” e os “igualitaristas reflexivos”. Essas
formas de gestão ajudam a modular a influência do gênero nas situações
observadas. Ao considerar que as demandas de acesso das meninas aos
percursos industriais são aceitas por grande parte dos professores, e
que as falas destes últimos em favor delas são muitas vezes sinceras,
parece que não é tão fácil pôr em prática esse discurso da igualdade. Tal
constatação se deve ao fato de, notadamente, meninas e meninos não
raro serem considerados fundamentalmente diferentes.
Palavras-chave: gênero; professores; educação profissional; percursos
escolares masculinos; igualdade.