Investigação epistemológica das homossexualidades masculinas em Freud: uma perspectiva lewino-bruniana

Resumo

Trata-se  de  uma  investigação  epistemológica  da  concepção  de  Freud  sobre  as homossexualidades masculinas. Referem-se à psicanálise dois critérios: (1) a distinção que Kurt Lewin fez entre os modos de pensar aristotélico e galiléico da ciência e (2) a idéia de Giordano Bruno da relatividade dos movimentos, solidária  com os conceitos de universo, uno e infinito. Considerando-se que esta última esteja na origem do modo de pensamento galiléico assim como no pensamento de Freud, o qual, segundo Lewin, não é  completo  ainda,  tentou-se  aprofundar  o  que  Freud  atribuiu  a  duas  ordens  de homossexualidade masculina: a daqueles que se tomam como objeto de amor e a dos que escolhem o pai. Abolindo-se a oposição entre normal e patológico com que aquele tratou o assunto, chegou-se à conclusão de que a heterossexualidade não constitui tipos puros, senão raramente. Ela apresenta muito mais variações em que se combinam características  masculinas  e  femininas  resultantes  do  recalque  sobre  a  disposição bissexual constitucional. Por outro lado, constatando-se que não há duas, mas três ordens  de  homossexualidade,  propôs-se  situá-las  não  como  patologia,  e  sim  em continuidade  com  as  aludidas  variações,  isto  é,  em  gradações  de  pólos  da masculinidade privados de todo caráter antitético.