Vendem-se criminosas: um ensaio etnográfico em uma clínica contra a lei

Autores

  • Camila A. M. Sampaio

Palavras-chave:

Aborto. Direitos reprodutivos. Ilegalidades. Moralidades.

Resumo

O aborto voluntário no Brasil é tão cotidiano como a construção de uma alteridade
radical para as mulheres que o praticam. Mesmo em um contexto médico, moral,
religioso e jurídico que condena a interrupção voluntária da gravidez, uma em cada
cinco mulheres até os 40 anos de idade realizou pelo menos um aborto no país (DINIZ;
MEDEIROS, 2012). Neste ensaio, descrevo uma incursão etnográfica em uma clínica
que realiza aborto em uma cidade brasileira. Conversei com 12 mulheres, todas
decididas a interromper voluntariamente uma gravidez. Com os fragmentos de
discursos, silêncios, lágrimas e recordações, procuro reconstituir o momento anterior ao
procedimento que as criminaliza perante o Estado, apresentando questões que
perpassam subjetividades marcadas pelo peso de infringir leis, sendo elas religiosas,
morais ou legais. Ao identificar histórias e itinerários do aborto em mulheres comuns,
rompe-se a aura de segredo que tem colaborado para o emudecimento de experiências,
que, por serem sufocadas e clandestinas, colocam tantas mulheres em risco.

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Publicado

10-12-2013

Como Citar

SAMPAIO, C. A. M. Vendem-se criminosas: um ensaio etnográfico em uma clínica contra a lei. Bagoas - Estudos gays: gêneros e sexualidades, [S. l.], v. 7, n. 09, 2013. Disponível em: https://periodicos.ufrn.br/bagoas/article/view/4664. Acesso em: 21 dez. 2024.