Le Fate Ignoranti: a sexualidade levada a sério

Autores

  • Patrícia Abel Balestrin

Resumo

O presente artigo busca analisar algumas construções de gênero e de sexualidade
apresentadas no filme Le Fate Ignoranti, dirigido por Ferzan Ozpetek (2001). Apoiada
nos estudos de gênero numa perspectiva pós-estruturalista e inspirada na “etnografia de
tela” como recurso metodológico, suponho que pressupostos, crenças e valores
pautados numa lógica heteronormativa são desestabilizados ao longo da narrativa
fílmica, colocando sob suspeita algumas noções essencialistas em torno do gênero, da
sexualidade e das identidades. Somos convidados/as a acompanhar a trajetória da
protagonista e, juntamente com ela, nos surpreendemos com a imprevisibilidade da
vida, dos desejos e das paixões. Considero que Le Fate Ignoranti leva a sexualidade a
sério, porque torna visível a instabilidade e a provisoriedade das identidades, bem como
ressignifica os processos de fabricação dos corpos generificados, subvertendo a ordem
do gênero e da sexualidade. No entanto é preciso lembrar que os movimentos de
resistência e subversão não são absolutos e definitivos. As cenas finais do filme, com
tomadas da Parada Gay de Roma, alertam que, fora da tela de Ozpetek, ainda há muito
pelo que lutar e para transformar em nossa sociedade que, em muitos contextos, ainda
não deixou de ser homofóbica, misógina e sexista.

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Como Citar

ABEL BALESTRIN, P. Le Fate Ignoranti: a sexualidade levada a sério. Bagoas - Estudos gays: gêneros e sexualidades, [S. l.], v. 7, n. 10, 2014. Disponível em: https://periodicos.ufrn.br/bagoas/article/view/5376. Acesso em: 4 dez. 2024.