As relações de gênero sob o olhar da câmara inocente: imagens e representações do homem e da mulher no Diario de Pernambuco da década de 1920

Resumo

A utilização de imagens pelos jornais recifenses foi um das características do processo de modernização dos impressos da capital pernambucana na década de 1920. Neste mesmo período, ganhavam força os suplementos literários, que, nos dias atuais, em outro formato, são conhecidos como os cadernos culturais da imprensa diária. Este artigo tem como objetivo apresentar essas transformações no campo da imprensa sob o olhar das relações de gênero, precisamente as imagens cristalizadas socialmente em relação ao homem e à mulher. Para isso, escolhemos o Diario de Pernambuco, jornal fundado em 1825 e ainda em circulação na cidade do Recife, no período que compreende um ano: de junho de 1924, quando foi criado o suplemento Magasine, até junho de 1925. Neste suplemento, além das imagens, nas quais eram representadas como vítimas de agressão e mesmo alvo de uma literatura normativa, as mulheres estavam no centro do debate. Pautas de comportamento, de cunho político e até mais ousadas, quando se tratavam de celebridades do cinema, eram escritas, sobretudo, por homens, a exemplo de intelectuais como Mario Sette e Gilberto Freyre. Nosso objetivo é demonstrar que, mesmo com a modernização das técnicas, a imprensa continuou com velhas formas de representação do feminino, cujo resultado pode ser analisado por meio da publicação de artigos, fotografias, ilustrações e reportagens.