As roupas de crioula no século XIX e o traje de beca na contemporaneidade: símbolos de identidade e memória
Palavras-chave:
Gênero, Identidade, Memória afro-brasileiraResumo
As roupas, nas diversas sociedades, além de protegerem o corpo e destacarem a beleza, estabelecem hierarquias, tornam-se símbolos identitários, por meio dos quais é possível refletir sobre os valores sócio-culturais de determinados grupos. Partindo desse pressuposto, pode-se afirmar que a roupa de crioula, no século XIX, e o traje de beca, ainda utilizado na contemporaneidade pela Irmandade de Nossa Senhora da Boa Morte, em Cachoeira - BA, sáo roupas impregnadas de significados, por meio das quais se compreendem valores sócio-culturais. Essas roupas, como representativas de uma identidade afro-brasileira, possuem elementos de uma visualidade específica num contexto sócio-histórico, no qual o modo de vestir-se implicava em uma marca ou numa representaçáo material da posiçáo hierárquica ocupada pela pessoa dentro de uma estrutura social caracterizada pelo patriarcalismo, sexismo e escravidáo. O traje de beca marcava a diferença entre as mulheres negras e brancas na sociedade colonial. Distinguia, também, as negras entre si, pois, fossem elas escravas, libertas ou alforriadas nem todas possuíam um traje de beca no século XIX. É possível compreender esses trajes como símbolos identitários, devido ao fato de que desde o século XIX à atualidade, essas mulheres pertenceram e pertencem a um grupo específico dentro da sociedade.
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