PATRÕES E CATIVOS
RELAÇÕES DE TRABALHO E ESTRATÉGIAS DE RESISTÊNCIA NOS SERINGAIS DO ALTO SOLIMÕES, AMAZONAS
DOI:
https://doi.org/10.21680/2238-6009.2018v1n51ID17177Resumo
O artigo analisa as relações de trabalho e formas de resistência nos seringais da região do Alto Solimões, Amazonas, a partir das narrativas de pessoas que residem nessa região. O objetivo é compreender como os sujeitos administram os “espólios de memórias” para compor uma narrativa sobre o passado onde se destacam os seringalistas, agentes da modernidade e da violência; e os seringueiros situados nos estratos mais baixos da hierarquia social, trabalhando na condição de cativos. A análise evidencia como sujeitos situados em diferentes posições da estrutura social percebem e examinam os fatos do passado. Os ex-seringueiros denunciam a violência perpetrada pelos patrões que marcou o trabalho e a vida na sociedade do seringal, as resistências cotidianas e silenciosas a essa dominação. Os herdeiros dos seringalistas valorizam seu papel como agentes do desenvolvimento econômico e social. Conclui-se mostrando que as estratégias de resistência adotadas pelos seringueiros para realizar o projeto familiar fundavam-se na sabotagem, ao adicionar impurezas à borracha ou vender parte da produção para comerciantes concorrentes dos seringalistas, os regatões, que lhes forneciam as condições para resistir ao domínio dos patrões.