“DIVIDIR PARA IMPERAR?”: UMA ETNOGRAFIA DA PRODUÇÃO DE TERRITÓRIOS INDÍGENAS NO LESTE MATO-GROSSENSE
DOI:
https://doi.org/10.21680/2238-6009.2019v1n54ID21114Resumo
Expulsos de seus territórios de maneira violenta, perversa e arbitrária entre as décadas de 30 e 50 do século passado, os diversos grupos locais xavante que constituem a “Sociedade Xavante” (Maybury-Lewis,1984), passaram a retornar e recuperar esse conjunto de territórios a partir da década de 60. Busco no decorrer deste artigo apresentar, fundamentalmente, uma das dimensões da complexa dinâmica socioespacial xavante ao dar ênfase as negociações e articulações envolvidas na produção de fronteiras territoriais numa situação etnográ?ca extraída de minha experiência em processos de identi?cação de terras. A partir desta vivência turbulenta e em um esforço retrospectivo tentei organizar o material etnográ?co captado naquela situação e busquei compreender os signi?cados embutidos no comportamento fragmentário dos grupos locais xavante diante do processo de revisão de limites de uma de suas terras indígenas. Vale dizer que os grupos locais xavante têm conseguido o reconhecimento de boa parte de suas demandas territoriais (e assistenciais) desde o início da retomada de seus direitos territoriais a partir da década de 1970. Pode-se inclusive pensar que a con?guração sociológica fragmentária da “estrutura social xavante” venha ser um dos fatores sociológicos mais importantes para a sobrevivência física e cultural desse povo até o presente momento