CATIMBÓ E TORÉ: PRÁTICAS RITUAIS E XAMANISMO DO POVO POTIGUARA DA PARAÍBA
DOI:
https://doi.org/10.21680/2238-6009.2019v1n54ID21126Resumo
Este artigo pretende analisar a prática ritual do catimbó e da jurema entre o povo Potiguara, que se localiza no litoral do Estado da Paraíba (Brasil), com o intuito de apontar para a articulação de tais práticas com o ritual do toré, tendo como pano de fundo a concepção nativa de encantado. Os Potiguara de?nem os encantados como sendo os habitantes de locais especí?cos como a mata e os fundos e os de?nem pelo atributo da invisibilidade e por dois predicados especí?cos: a humanidade e a imortalidade. Em suas práticas rituais, os pajés, os mestres do toré e os especialistas do catimbó acionam entidades espirituais que estão presentes no culto da jurema (como mestres e caboclos), entidades do catolicismo (santos). A centralidade da jurema e a presença de entidades das religiosidades afro-brasileiras em tais práticas propiciam o uso pejorativo do termo catimbozeiro para classi?car os especialistas rituais. Esses dialogam com os encantados através de viagens e da incorporação espiritual por meio de melodias, que são chamamentos para “fazer o trabalho”, de orações fortes e do uso da defumação com fumo e que estão presentes em maior ou menor expressividade no toré. O toré é concebido e vivido como brincadeira, como ritual e como guerra contra o visível e o invisível, o que remete às operações de tradução, mediação e cura, e indica uma efetiva combinação com novas técnicas disponíveis e as possibilidades de agenciamento de humanos e entidades encantadas e espirituais.