DA LIBERDADE DE ISADORA: CIRCUITOS AFETIVOS ENTRE CRISES, POLÍTICAS E FRONTEIRAS
DOI:
https://doi.org/10.21680/2238-6009.2020v1n56ID23679Resumo
Decorrente da minha pesquisa de doutorado, que aborda o governo das mobilidades e dos afetos das/entre as pessoas refugiadas na cidade de São Paulo, este artigo trata da justaposição entre práticas de assistência e práticas de controle em algumas das políticas destinadas a essas populações nos últimos cinco anos. Reflito, em especial, sobre a produção de crises e soluções administrativas alinhavadas às vidas de Dora e Isadora, mãe e filha, solicitantes de refúgio provenientes de Angola. Ambas chegaram ao Brasil no ano de 2016, momento em que a complexidade de suas trajetórias e vivências foi reduzida a um problema a ser resolvido entre práticas assistenciais e políticas de gestão de trânsitos, destinadas às “mulheres angolanas grávidas e com filhos”. A partir das tentativas de reunir sua família, Dora depara-se com intervenções produzidas na relação entre entidades auto referenciadas como “estado” e “sociedade civil”. Atores que disputam por recursos e legitimidade no espaço de uma suposta ausência de políticas públicas. Os trânsitos de Dora e Isadora, transformados em crise, permitem uma reflexão sobre o momento em que aparatos de controle de fronteiras e aparatos de controle das relações familiares se sobrepõem.