O REGENTE SEM ORQUESTRA: NOTAS DE UMA ETNOGRAFIA DA AUDIÇÃO
DOI:
https://doi.org/10.21680/2238-6009.2020v1n56ID23686Resumo
O artigo apresenta uma prática de etnografia da audição ou sonora, que pode embasar trabalhos que investiguem mundos sonoros propondo uma conjugação do ver e ouvir, em vez de uma hierarquia entre ambos, do que resultaria pensar em termos de paisagens sonoras ou dos sons enquanto imagens simbólicas. O campo teve duração de quase dois anos e foi realizado em uma escola de Música, onde acompanhei o processo de formação profissional de um maestro de orquestra. No auge de uma sociedade imagética, o campo é um reduto de pessoas que primam por uma relação diferenciada com a vida e no contato com seus pares. Reflito sobre as faculdades do ver e do ouvir, intensamente discutidas pela Antropologia, e comparo às peculiaridades observadas in loco. A conclusão é de que audição e visão estão imbricadas o tempo todo no campo, compondo imagens sonoras que são interpretadas pelos nativos e mobilizadas na performance, auxiliando de modo mais efetivo tanto o convívio entre os músicos quanto a execução musical.