ÁGUA E SOMBRA COMO MATERIALIDADES AUSENTES NA CONFORMAÇÃO DE SÍTIOS CAMPONESES DO SERTÃO SEMIÁRIDO
DOI:
https://doi.org/10.21680/2238-6009.2021v1n58ID27613Resumo
O texto analisa o sítio camponês no semiárido a partir de uma escala regional diacrônica dando foco à importância da água e da sombra na organização socioespacial da unidade doméstica. Ressalta-se os modos particulares de interação com o ambiente da caatinga em casas situadas entre o Ceará, Pernambuco e Piauí. Parte-se de reflexões arqueológicas em torno da materialidade da ausência para entender as relações humano-não-humano estabelecidas pela ausência presente da água e pela presença ausente da sombra na, ao redor e a partir da casa. O binômio sombra-árvore no interior do terreiro é entendido como estruturante de novos espaços e experiências dialogais a práticas de sociabilidade. Já a ausência da água estabelece um sistema de objetos que ultrapassa a casa e é fundamental na construção da paisagem e em seu uso comum. As relações estabelecidas com a falta da água e as áreas de sombra são parte das dinâmicas materiais que constroem essas unidades domésticas como lugares significativos nos quais práticas locais foram mantidas ao longo do século XX, mas permissivas da integração de novas tecnologias e materiais aos saberes tradicionais e ao modo de vida regional.