AS INTERPRETAÇÕES DO TEMPO EM UMA PRISÃO DE MULHERES
DOI:
https://doi.org/10.21680/2238-6009.2022v1n59ID28787Resumo
Este artigo analisa a percepção do tempo entre mulheres cumprindo pena de prisão em dois presídios femininos do Brasil. A pesquisa foi realizada em uma penitenciária estadual no Rio Grande do Norte e em um Centro de Reintegração Social em Minas Gerais. O principal objetivo deste trabalho foi descobrir como essas mulheres entendem seu tempo na prisão e como isso é significativo para suas vidas depois de partirem. Os métodos usados para responder à questão-problema foram a observação direta, a observação participante, as entrevistas sobre histórias de vida e o que chamei de “conversas guiadas”. Ao cruzar perspectivas de diversas mulheres vivendo diferentes momentos de suas vidas na prisão, descobriu-se que existem duas grandes perspectivas sobre
o tempo compartilhadas por essas mulheres encarceradas, o “tempo suspenso” e o “tempo construtivo”, que são estritamente ligados às noções de self, memória e emoção. A partir da ideia de “tempo suspenso”, o tempo pode ser interpretado “luto”, “pesadelo”, ou mesmo ser negado seletivamente ou contraído. Já a partir da visão da sentença como um “tempo construtivo”, as internas podem interpretar seu tempo de reclusão como uma forma de ganhar status no mundo do crime, orientando seus projetos de vida para uma progressão na carreira moral criminal. Por outro lado, a sentença pode ser vista como um ponto de metamorfose na vida do sujeito, que decide reiniciar sua carreira moral para longe do mundo do crime ou da prisão.
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