Gerenciamento tributário: análise da influência sobre o custo do capital próprio das empresas brasileiras

Autores

DOI:

https://doi.org/10.21680/2176-9036.2021v13n2ID19788

Palavras-chave:

Gerenciamento Tributário, Book-Tax Differences (BTD), Custo de Capital Próprio.

Resumo

Objetivo: O presente estudo buscou investigar se o gerenciamento tributário influencia no custo de capital próprio das empresas brasileiras listadas no Brasil, Bolsa e Balcão (B3) no período de 2014 a 2018.

Metodologia: O estudo compreendeu a análise da proxie Book-Tax Differences (BTD) como ferramenta de identificação do gerenciamento tributário, como sugerido no trabalho de Moreira e Silva (2019), bem como as variáveis de controle, que são o retorno sobre o patrimônio líquido (ROE), valor de mercado (QTOBIN), tamanho da companhia (LNAT) e alavancagem financeira da empresa (ALV). Para a coleta de dados utilizou-se o banco de dados da Bloomberg® e o Formulário de Referência disponível no sítio eletrônico do B3. Para tanto, utilizou-se da Regressão Linear Múltipla do tipo dados em painel balanceado, resultando em uma amostra final formada por 630 observações.

Resultados: Por meio da proxie BTD, referente à diferença entre lucro contábil e lucro tributário, e utilizado para capturar o gerenciamento tributário nessa pesquisa, não foi possível identificar qualquer relação com o custo de capital próprio. Assim, para fins dessa pesquisa, a adequação teórica e os modelos estatísticos utilizados não evidenciaram que boas práticas de gerenciamento tributário tenham efeito positivo ou negativo no custo de capital próprio.

Contribuições do Estudo: Observa-se que os estudos brasileiros não analisaram o efeito do gerenciamento tributário sobre o custo de capital próprio nas empresas brasileiras utilizando o indicador Book-Tax Differences (BTD) como ferramenta de identificação do gerenciamento tributário e a sua influência no custo de capital. Então, a presente pesquisa seguiu a recomendação sugerida por Moreira e Silva (2019), de analisar esse custo com outro indicador, neste caso, Book-Tax Differences (BTD). De acordo com os resultados, não foi possível identificar qualquer relação com o custo de capital próprio, contribuindo, assim, para a consolidação dos achados de Goh et al. (2016) e de Moreira e Silva (2019) que apresentam o CashETR como melhor métrica para o gerenciamento tributário, tendo em vista que os resultados apresentados utilizando as variáveis ETR e BTD, demonstraram que o custo de capital exigido pelos investidores não teve relação com a agressividade fiscal das empresas.

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Biografia do Autor

Hana Belisa Marques de Freitas, Universidade Federal Rural do Semi-Árido (UFERSA)

Graduada em Ciências Contábeis pela Universidade Federal Rural do Semi-Árido (UFERSA)

Caritsa Scartaty Moreira, Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)

Mestra em Ciências Contábeis pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Doutoranda em Ciências Contábeis pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB).

Annandy Raquel Pereira da Silva, Universidade Federal Rural do Semi-Árido (UFERSA)

Graduada em Ciências Contábeis pela Universidade Federal Rural do Semi-Árido (UFERSA).

Ítalo Carlos Soares do Nascimento, Universidade Federal do Ceará (UFC)

Mestre em Administração e Controladoria pela Universidade Federal do Ceará (UFC).

Geison Calyo Varela de Melo, Universidade Federal do Ceará (UFC)

Mestrando em Administração e Controladoria pela Universidade Federal do Ceará (UFC).

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Publicado

02-07-2021

Como Citar

BELISA MARQUES DE FREITAS, . H. .; SCARTATY MOREIRA, C.; RAQUEL PEREIRA DA SILVA, A.; CARLOS SOARES DO NASCIMENTO, Ítalo; CALYO VARELA DE MELO, G. Gerenciamento tributário: análise da influência sobre o custo do capital próprio das empresas brasileiras. REVISTA AMBIENTE CONTÁBIL - Universidade Federal do Rio Grande do Norte - ISSN 2176-9036, [S. l.], v. 13, n. 2, p. 20–40, 2021. DOI: 10.21680/2176-9036.2021v13n2ID19788. Disponível em: https://periodicos.ufrn.br/ambiente/article/view/19788. Acesso em: 29 mar. 2024.

Edição

Seção

Seção 1: Contabilidade Aplicada ao Setor Empresarial (S1)