Nada contra, estou experimentando
Resumo
Tratar de gênero e sexualidade em sala de aula costuma se confundir
com a experiência pessoal dos alunos, o que se reflete em um sistema de
classificações (hierarquizantes) que eles acionam para falar de si e dos
outros. Neste sentido, este trabalho objetiva identificar e compreender
antropologicamente o que significam gênero e sexualidade para jovens
estudantes entre 15 e 18 anos da cidade de Tucuruí, no estado do Pará.
Para isso, busca entender o que eles entendem por masculino e feminino,
como os valores sociais influenciam sua experiência social, isto é, com
quais pessoas costumam conversar sobre o assunto, como percebem tal
temática e como falam de suas experiências pessoais. Os dados empíricos
foram coletados em diferentes momentos, durante os anos de 2016 e
2017, contando com discussão dos referidos temas em sala, realização de
rodas de conversa e aplicação de questionários e conversas informais (ou
seja, para além do tempo da aula). Os resultados mostram que em relação
às noções de masculino e feminino, as falas partem do padrão binário de
gênero, reproduzindo um discurso heteronormativo, marcado por expressões
como “eu acho errado”, “não concordo”, “só existem dois sexos”.
Entretanto, a reprodução do discurso hegemônico não os impede de experimentar
“ficar com meninos e meninas”, como eles dizem, tampouco
restringe a amizade com pessoas que se declaram gays, “bi” ou lésbicas.
O quadro de análise que se desenha revela situações de reprodução de
hierarquias e não-aceitação do outro, suscitando a reflexão do lugar da
diversidade e do jovem na sociedade contemporânea.
Palavras-chave: Gênero, Juventude, Sexualidade.