Interlocuções da dor: a epidemia de HIV/aids na perspectiva de mulheres homossexuais
Abstract
O objetivo deste artigo é analisar o primeiro momento da epidemia de HIV/aids no Brasil (entre 1983 e 1997) através da perspectiva de mulheres homossexuais. O trabalho de campo foi realizado na cidade de São Paulo junto a uma rede de homens e mulheres homossexuais de 40 a 55 anos. Devo atentar, por um lado, para um cenário político no qual a aids é fortemente associada a homens homossexuais e o “corpo lésbico” é apresentado como virtualmente imune à infecção. Irei considerar, por outro, as narrativas elaboradas por mulheres sobre as experiências de sofrimento compartilhadas
com amigos gays vitimados pela doença. Proponho, então, tomarmos os processos de interlocução da dor como uma forma de olhar para os efeitos da epidemia sobre corpos marcados em termos de gênero.
Palavras-chave: HIV/aids. Homossexualidade. Gênero. Geração. Antropologia das emoções. Memória.