Chamada de Artigos para Dossiê "Perspectivas antropológicas sobre alimentação e nutrição"
Dossiê Perspectivas antropológicas sobre alimentação e nutrição.
Organização: Thágila Maria dos Santos de Oliveira (Mestranda em Antropologia Social, CIRS/PPGAS/UFRN) e Guilherme Bemerguy Chenê Neto (Doutorando em Ciências Sociais, FCLAr/PPGCS/Unesp)
ATÉ 30 DE NOVEMBRO DE 2018
Comer, nutrir, comida, alimento. Tais palavras refletem a diversidade de olhares que o tema “alimentação” vem ganhando ao longo dos anos. De necessidade básica dos seres vivos às formas de consumo e distinção, a alimentação humana é mais do que um simples ato biológico, pois os seres humanos depois de uma série de condicionantes, sociais, culturais, econômicas, são capazes de transformar vários tipos de plantas e animais em comida.
Os hábitos alimentares são discutidos desde a Pré-história, a partir da Antropologia e da Arqueologia pré-histórica, que buscaram as origens da agricultura e apresentaram “diferentes interpretações da importância relativa da atividade da caça, da coleta e dos primórdios do cultivo” (GÓES, 2010, p. 17), até a contemporaneidade, tendo características específicas em determinados períodos históricos. José Ângelo Wenceslau Góes (2010) faz um panorama sobre esses períodos e além disso apresenta dados sobre os hábitos alimentares no período clássico e idades média, moderna e contemporânea, e também retrata o tema no universo bíblico.
A partir disso, as ciências humanas têm cada vez mais se debruçado sobre os estudos alimentares. A relevância de temas como gastronomia e culinária, o aumento nas publicações no campo da antropologia da alimentação e da nutrição, no Brasil e no mundo, indicam um grande interesse no tema. Por exemplo, Harris que centrou seus debates sobre alimentação no materialismo cultural; Lévi-Strauss (1965) Douglas (1972) e Sahlins (2003) que pensaram a comida como fruto de operações simbólicas; Bourdieu (1979) que afirma que o gosto alimentar é o resultado de uma construção social pela qual se formam as estratégias distintivas da sociedade; e De Certeau (1990) que afirma que as práticas culinárias se situam no mais elementar da vida cotidiana.
No Brasil, estudos clássicos como os de Gilberto Freyre (1933), Antonio Cândido (1964) e Luís de Câmara Cascudo (1983) abordam o papel de ingredientes e comidas na formação sociocultural do Brasil, além das obras de Josué de Castro (1946) e suas discussões sobre a fome, em formas endêmicas e epidêmicas, no Brasil.
Este dossiê tem como objetivo receber contribuições que evidenciem discussões dentro da antropologia da alimentação e antropologia da nutrição. Portanto, interessa-nos estudos que tenham a comida (ou sua ausência) como foco, explorando questões adjacentes que transitem sobre patrimônios culturais, memórias, simbologias, tabus, riscos alimentares, consumo, cidadania, comensalidade, sociabilidades, agricultura, políticas públicas e segurança alimentar e nutricional.