Chamada para o dossiê “Velhices e Experimentações Teórico-Metodológicas na Antropologia”

O envelhecimento, enquanto experiência plural e situada, tem se afirmado como um campo fértil de investigação na Antropologia e nas Ciências Sociais. Seus estudos são múltiplos e vêm se consolidando a partir de pesquisas que exploram os modos diversos de vivenciar essa etapa do curso da vida (Debert, 1997, 1999; Simões, 1994, 1998, 2006, 2011, 2015; Brigeiro, 2000; Henning, 2008, 2014; Goldenberg, 2011, 2015, 2017, 2021). Ainda que parte significativa da produção sobre o tema esteja concentrada nas Ciências da Saúde, é especialmente na Antropologia que se têm revelado práticas, narrativas e experiências que compõem a heterogeneidade das velhices, inclusive nas discussões sobre saúde.
Observa-se, ainda, que esse campo tem incorporado experimentações teórico-metodológicas que ampliam as formas de percepção sobre o envelhecimento, articulando-o a marcadores sociais como sexualidade, raça, classe, idade, geração, neurodivergências e escolaridade, ou seja, por meio de um olhar atento à interseccionalidade.
Este dossiê propõe reunir reflexões sobre o envelhecimento e suas múltiplas dimensões, incluindo debates sobre a noção de envelhecimento ativo e os diferentes modos de viver e significar a velhice. Interessa-nos compreender como distintos universos socioculturais, como a dança, a música, as artes e os espaços de lazer, influenciam e moldam os percursos de vida de pessoas mais velhas. Buscamos também investigações que abordem movimentos ativos na velhice, expressos em práticas corporais, sexualidades, sociabilidades e diversas formas de engajamento.
Incentivamos contribuições que explorem abordagens criativas e metodologicamente inovadoras, ampliando os debates sobre envelhecimento a partir de olhares interseccionais e transversais ao tema. Nesse sentido, também nos interessam propostas que evidenciem o envolvimento dos/das pesquisadores(as) com o campo, reconhecendo que tais investigações mobilizam afetos, deslocamentos, escutas e atravessamentos que tensionam fronteiras entre experiência e teoria, corpo e método, ética e política. Ao propor refletir sobre as velhices, é fundamental considerar também os modos como elas nos afetam durante a própria prática etnográfica.
Valendo-nos das Ciências Sociais e, sobretudo, da Antropologia, a proposta deste dossiê é dar continuidade a essa produção emergente, trazendo para o centro da análise pesquisas que tratem das velhices em sua complexidade. Isso implica considerar aspectos como gênero, raça, classe, sexualidade, etnicidade, corporalidades, deficiências, local de moradia, religião, estado de saúde, entre outros marcadores sociais. A partir dessa abrangência, acreditamos que o dossiê pode contribuir de forma significativa para os debates contemporâneos no Brasil e na América Latina.
Convidamos pesquisadoras e pesquisadores interessadas/os em pensar o envelhecimento como um campo de invenção etnográfica e de reflexão crítica, no qual corpo, desejo, política, tempo e memória se entrelaçam. Portanto, o dossiê “Velhices e Experimentações Teórico-Metodológicas na Antropologia” as/os convida a submeter artigos, ensaios, ensaios fotográficos, entrevistas, traduções e outros textos relacionados a esses temas, assim como a outros tópicos pertinentes à temática.
As organizadoras deste dossiê têm trajetórias consolidadas nos estudos sobre envelhecimento e interseccionalidade, atuando em redes acadêmicas comprometidas com o aprofundamento crítico dessas temáticas. Uma delas integra, desde 2022, o Laboratório de Experimentações Etnográficas e Marcadores Sociais das Diferenças (LEX-UFG), voltado ao desenvolvimento de abordagens criativas e inovadoras — pesquisadores e pesquisadoras vinculados ao LEX já foram mobilizados para esta chamada. A outra participou do GT 051 – Envelhecimentos, Interseccionalidade e Cuidados, durante a 34ª Reunião Brasileira de Antropologia (RBA), em 2024. Os coordenadores do GT, Carlos Eduardo Henning (UFG) e Rachel Aisengart Menezes (IESC/UFRJ), também já foram informados da proposta. Além disso, docentes com atuação na Antropologia do Envelhecimento indicaram nomes que serão futuramente convidados a contribuir. Nosso objetivo é reunir um conjunto plural e representativo de abordagens contemporâneas sobre as velhices e as experimentações teórico-metodológicas no campo antropológico.
As submissões devem ser feitas na seção "Dossiê" até 05 de setembro de 2025, na plataforma da Revista Equatorial (periodicos.ufrn.br/equatorial/index). As informações sobre as normas para submissão podem ser encontradas em: periodicos.ufrn.br/equatorial/about/submissions.
É importante lembrar que aceitamos contribuições de Artigos, Resenhas, Entrevistas e Traduções para o Dossiê e em Fluxo Contínuo.
Organizadoras: Amanda Raquel da Silva (Doutora em Antropologia Social - PPGAS/UFRN) e Kárita Segato Rodrigues (Doutoranda em Antropologia Social - PPGAS/UFG).
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