O Outro como um Espelho: Um Estudo acerca do Jogo de Espelhos naAntropologia Clássica a partir das Obras de Marcel Mauss, Radcliffe-Browne Margaret Mead
Resumo
Este trabalho se debruça sobre uma tendência que pensamos ser comum à antropologia produzida até meados do século XX: o estudo das sociedades ditas primitivas com o objetivo de responder a questões pertinentes às sociedades dos próprios antropólogos. Tal tendência parte do princípio de que as aquelas sociedades seriam mais simples que as sociedades ocidentais, por isso as primeiras serviriam como laboratórios para a investigação de problemas que afetariam as segundas. Para demonstrar nossa proposição, exploraremos textos escritos por Marcel Mauss – que, ao discorrer sobre os sistemas de prestações totais existentes em diversas sociedades ditas primitivas, demonstra que tais sistemas promoveriam o vínculo entre as pessoas, vínculo este que deveria ser retomado em nossas sociedades, nas quais vigorariam o contrato individual puro –, Radcliffe-Brown – que, por meio de seus estudos sobre a estrutura social nas sociedades primitivas, distingue evolução social de progresso e questiona se o progresso alcançado pela sociedade ocidental representa a sua evolução, devido à capacidade destrutiva de suas tecnologias, invenções e descobrimentos – e Margareth Mead – que, ao demonstrar, por meio de dados etnográficos obtidos entre três povos da Nova Guiné, a inexistência de uma vinculação necessária entre sexo, temperamento e personalidade, questiona a padronização de personalidades e comportamentos sexuais da sociedade norte-americana. Assim, abarcaremos autores que pertenceram a matrizes teóricas diferentes com o objetivo de demonstrar a maneira por meio da qual eles estudaram o Outro tendo em vista questões de suas próprias sociedades, ou, então, tomaram o Outro como um espelho no qual buscaram observar refletidas imagens de si mesmos. Nas nossas considerações finais, discutiremos também o retorno do olhar do antropólogo para a sua própria sociedade, a partir de meados do século XX, e destacamos que, ainda assim, o antropólogo deve manter a atitude de estranhamento frente a seu objeto.Downloads
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Publicado
23-02-2017
Como Citar
IZOTON, R. O Outro como um Espelho: Um Estudo acerca do Jogo de Espelhos naAntropologia Clássica a partir das Obras de Marcel Mauss, Radcliffe-Browne Margaret Mead. Equatorial – Revista do Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social, [S. l.], v. 2, n. 2, p. 26–42, 2017. Disponível em: https://periodicos.ufrn.br/equatorial/article/view/14894. Acesso em: 18 nov. 2024.
Edição
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Artigos
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