Por uma ética pajubariana: a potência epistemológica das travestis intelectuais
DOI:
https://doi.org/10.21680/2446-5674.2020v7n12ID18520Palavras-chave:
Travestis, Gênero, Pesquisa, CosmologiaResumo
O presente artigo analisa o deslocamento da posição de “pesquisadas” para a de “pesquisadoras” que tem sido empreendido pelas travestis intelectuais brasileiras. Para discutir essa questão, retoma algumas construções teóricas acerca dos saberes localizados, mas coloca em análise a fragilidade ontológica do conceito de local de fala. Nesse sentido, entende que é necessária a criação de uma ética capaz de conjugar os esquemas linguísticos e cosmológicos das travestis com o cenário científico que se desdobra na atualidade.
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