Biomedicina, gestão do tratamento e desencantos: experiências de mulheres soropositivas no Rio de Janeiro
DOI:
https://doi.org/10.21680/2446-5674.2017v4n7ID14967Palavras-chave:
Biomedicina, Gestão do tratamento, HIV/Aids, Medicamentos, Antropologia da SaúdeResumo
Com o avanço das tecnologias biomédicas para o tratamento do HIV/Aids, a qualidade de vida tornou-se uma possibilidade vital para a pessoa portadora, contrariando o cenário da década de 1980, quando o diagnóstico era como uma sentença de morte. Por outro lado, tornar-se soropositivo requer mudanças numa série de hábitos cotidianos, os quais medicar-se diariamente é parte desse processo. Neste artigo, analiso os efeitos colaterais, sociais e subjetivos decorrentes da medicalização e gestão do tratamento em trajetórias sociais. Interessa aqui, o entrelaçamento entre histórias de vida e a materialidade e concretude das drogas farmacológicas. Para tanto, lanço mão da análise antropológica da trajetória de três mulheres e mães jovens soropositivas, oriundas das camadas populares da cidade do Rio de Janeiro. A partir de infraestruturas concretas de como as pessoas gestam o tratamento na tessitura de seus cotidianos, têm sido possível compreender ambiguidades e limites da biomedicina como cultura global, uma vez que os medicamentos para elas acarretam processos de significação da experiência, momentos de inflexão e sentimentos de prisão. Assim, suas experiências materializam os efeitos reais das tecnologias sobre efetuações de desencantos terapêuticos na gestão do tratamento de HIV/Aids, além de abrir margem para pensar a respeito dos medicamentos para além da chave analítica da liberdade e do encanto numa Cosmovisão ocidental.
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