Fazer o fogo fazer:

manipulações e agenciamentos técnicos na conservação do Jalapão (TO)

Autores

  • Guilherme Moura Fagundes UnB

DOI:

https://doi.org/10.21680/2446-5674.2019v6n10ID15640

Palavras-chave:

Antropologia da técnica, Manejo do fogo, André-George Haudricourt, Unidades de Conservação, Jalapão

Resumo

O artigo consiste em um exercício de tecnologia comparada sobre seis tipos de manipulações do fogo no contexto conservacionista. Parto de pesquisa etnográfica junto a brigadistas e gestores ambientais da Estação Ecológica Serra Geral do Tocantins, uma unidade de conservação localizada na região do Jalapão (Tocantins, Brasil). Baseio-me no tratamento tecnosemiótico das ações manipulatórias, recorrendo à antropologia da ação de André-Georges Haudricourt e dialogando com a filosofia biológica das técnicas de matriz francesa. O objetivo é inserir o tema da tecnicidade do fogo numa abordagem genética, mais interessada nos agenciamentos técnicos que na mera classificação funcional. O texto finaliza qualificando e expandindo os modos de existência do fogo sob manejo para além da predicação ferramental em seu senso utilitário, mas também se esquivando de exaltá-lo como sendo uma ruptura ou inovação tecnocientífica desatrelada de toda uma linhagem técnica da qual ele é parte.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

BOMBEIROS GOIÁS. 2010. Da prevenção e combate a incêndio florestal: norma operacional n. 03/2010 (referência: decreto n. 6.161, de3 de junho de 2005) Estado de Goiás Secretaria da Segurança Pública Corpo de Bombeiros Militar Comando Geral.

CANGUILHEM, Georges. 1965. “Machine et organisme”. In: La connaissance de la vie. 2a ed. Paris: Vrin.

COUPAY, Ludovick e DOUNY, Laurence.2009. “Dans la Trajectoire des Choses: Comparaison des approches francophones et anglophones contemporaines en anthropologie des techniques”. In: Techniques & Culture . p. 12-39

DELEUZE, Gilles e GUATTARI, Félix.. 1997a. “Devir-intenso, devir-animal, devir-imperceptível....”. In: Mil Platôs: Capitalismo e Esquizofrenia. Vol.4 São Paulo: Editora 34.

_____. 1997b. ““1227- Tratado de Nomadologia: a Máquina de Guerra””. In: Mil Platôs: Capitalismo e Esquizofrenia. Vol.5 São Paulo: Editora 34.

FAGUNDES, Guilherme Moura. 2016. “Como o fogo devém ferramenta? notas sobre manejo e manipulação no Cerrado (Jalapão-TO)”. NOVOS DEBATES - FÓRUM DE DEBATES EM ANTROPOLOGIA, v. Vol.2, p. 59-67.

FERRET, Carole. 2012 “Vers une anthropologie de l’action. André-Georges Haudricourt et l’efficacité technique”, L’Homme n°202, p.113-140.

______________. 2014. “Towards an anthropology of action: From pastoral techniques to modes of action.” Journal of Material Culture Vol. 19(3), p. 279–302

______________. 2016. “Outilis vivants? De la manipulation des animaux”. In: Des êtres vivants et des artefacts. Paris (“Les actes”).

GREIMAS, Algirdas Julien & COURTÉS, Joseph 1979. Sémiotique. Dictionnaire raisonné de la théorie du langage. Paris, Hachette.

GREIMAS, Algirdas Julien & FONTANILLE, Jacques. 1993. Semiótica das paixões: dos estados de coisas aos estados de alma. Tradução Maria José Rodrigues Coracin. São Paulo: Ática

HAUDRICOURT, André-Georges. 2013 [1962]. “Domesticação de animais, cultivo de plantas e tratamento do outro” Série Tradução n. 7, PPGAS/DAN.

ICMBIO. 2010. Apostila para formação de brigadistas de prevenção e combate aos incêndios florestais. Brasília:

INGOLD, Tim. 2007. “Materials against materiality”. Archaeological Dialogues. 14 (1): 1– 38.

____________. 2011. Being alive: essays on movement, knowledge and description. Londres: Routledge.

JULIEN, F. 1996. Traité de l’efficacité. Grasset.

LATOUR, Bruno. 2000. Ciência em ação. Como seguir cientistas e engenheiros sociedade afora. São Paulo: UNESP.

LEROI-GOURHAN, André. 1984a. Evolução e Técnicas: I- O homem e a matéria. [1943] ed. Lisboa: Edições 70.

_____ 1984b. Evolução e Técnicas: II- Meio e Técnicas. [1945] ed. Lisboa: Edições 70.

_____. 2002. O Gesto e a Palavra: 2- Memória e Ritmos. [1965]. Lisboa: Edições

MATURANA, H. R.; VARELA, F. 1995. A Árvore do Conhecimento: as bases biológicas da compreensão humana. Campinas: Editorial Psy.

MILLER, D. 2005. ‘Materiality: an introduction’. In Materiality, D. Miller (ed.). Durham & London: Duke University Press, 1-50

MYERS, Ronald 2006. “Living with Fire - Sustaining Ecosystems & Livelihoods Through Integrated Fire Management”. The Nature Conservancy . Tallahassee, USA

NEVES, José. 2006. O apelo ao objeto técnico: a perspectiva sociológica de Deleuze e Simondon. Lisboa; Campo das Letras

PYNE, Stephan J. 2012. Fire: nature and culture. London: Reaktion Books.

RIBET, Nadine. 2004. Les parcours du feu. INFO DFCI Bulletin su centre de documentation “forêt méditerranéenne et incendie”, v. 53, n. Numéro spécial: LE FEU CONTRE LE FEU Contre-feu, brûlage tactique et brûlage dirigé., 2004.

SÉRIS, Jean-Pierre. 1994. La technique. Paris: PUF.

SIGAUT, François. 2012. Comment Homo devint faber: comment l’outil fit l’homme. Paris: CNRS.

SIMONDON, Gilbert. 1958. Du mode d'existence des objets techniques. Paris: Aubier.

_____. 2005[1965-1976]. L’invention dans les techniques: cours et conférences. Paris: Seuil,

SOARES, R. V. ET AL. Manual de Prevenção e Combate a Incêndios Florestais. 2. ed. Curitiba: AJIR, 2008.

VERNANT, Jean-Pierre. 1990. Mito e pensamento entre os gregos. Rio de Janeiro: Paz e Terra

Downloads

Publicado

31-05-2019

Como Citar

FAGUNDES, G. M. Fazer o fogo fazer:: manipulações e agenciamentos técnicos na conservação do Jalapão (TO). Equatorial – Revista do Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social, [S. l.], v. 6, n. 10, p. 16–49, 2019. DOI: 10.21680/2446-5674.2019v6n10ID15640. Disponível em: https://periodicos.ufrn.br/equatorial/article/view/15640. Acesso em: 21 nov. 2024.