A POLIFONIA DAS VOZES QUE SILENCIAM: CONSIDERAÇÕES SOBRE O FAZER HISTORIOGRÁFICO EM NARRATIVAS DE TRAJETÓRIAS INDÍGENAS
Resumo
Este artigo coloca em perspectiva maneiras segundo a qual narrativas históricas ensejadas no contexto amazônico apresentam e compreendem a presença e a atuação de povos indígenas nessa espacialidade, em especial a rondoniense. Compreendo que tensionar representações construídas a respeito desses povos recoloca no debate historiográfico contemporâneo – seja no ensino, seja na pesquisa – a questão formulada por Michel de Certeau (2011) em torno do que produz a comunidade historiadora quando fomenta análises e tece o seu enredo. Trata-se, portanto, de construir reflexões ancoradas na relação passado-presente. Tomando a análise de discurso como metodologia, mapeio efeitos de sentido e marcas de enunciação (Hartog, 2014) comuns às narrativas cotejadas. O recorte temporal se desloca do final da década de 1950 – quando foram publicados os primeiros livros de cunho histórico sobre o antigo território federal do Guaporé – até a década inicial do século XXI, a contemplar nesse percurso escritos cujo enredo narra o processo de colonização do que depois se tornaria o estado de Rondônia. A conclusão indica que o lugar neles ocupado pelos povos originários é cambiante. Ao mesmo tempo em que são comumente referenciados como os primeiros habitantes dessas plagas, buscando-se estabelecer a partir deles, um lastro de continuidade histórica, o qual remontaria a cerca de cinco séculos, quando do dito descobrimento do Brasil, essa espacialidade também costuma ser percebida como efetivamente fundada somente depois da presença colonizadora “branca”, ainda que haja disputas pela demarcação desse marco.
PALAVRAS-CHAVE: historiografia; povos indígenas; narrativa histórica; etnocentrismo
Downloads
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2025 João Maurício Gomes Neto

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-ShareAlike 4.0 International License.
Esta revista proporciona acesso público a todo seu conteúdo, seguindo o princípio que tornar gratuito o acesso a pesquisas gera um maior intercâmbio global de conhecimento. Tal acesso está associado a um crescimento da leitura e citação do trabalho de um autor.
Mneme se reserva o direito de efetuar, nos originais, alterações de ordem normativa, ortográfica e gramatical, com vistas a manter o padrão culto da língua, assegurado o padrão estético do periódico, respeitando, porém, o estilo dos autores. Os trabalhos publicados passam a ser propriedade da Revista Mneme, ficando a sua reimpressão total ou parcial, sujeito à autorização expressa de sua direção. Os originais não serão devolvidos aos autores. As opiniões emitidas pelos autores dos artigos são de sua exclusiva responsabilidade.











English
Español (España)
Português (Brasil)