Identidade, gênero e poder: as tesmophoriantes na visão do rito cômico dionisíaco
Palavras-chave:
Feminino, Tesmophorias, MélissaResumo
A religiosidade grega nos permite visualizar uma área da vida pública na qual o feminino possuía um espaço reconhecido e ativo. Por meio de um dos mais famosos ritos que integravam as festividades dedicadas ao Deus Dioniso, as representações dramáticas, tivemos a oportunidade de evocar inúmeros questionamentos que permeavam na Cidade-Estado de Atenas no século V a.C.. O ateniense e comediógrafo Aristófanes, através da comédia intitulada, As Mulheres que Celebram as Tesmophorias, nos apresenta um período em que a Pólis ateniense transitava da hegemonia adquirida nas Guerras Greco-Pérsicas para a derrocada ocasionada especialmente pela Guerra do Peloponeso. Nesta peça, o feminino se tornou um elemento de relevo em Atenas, principalmente no que se refere à participaçáo de um segmento específico, as esposas legítimas conhecidas como as Melissaí, nas esferas pública e cívica. No ritual das Tesmophorias, dedicados as deusas Deméter e Perséfone, as mulheres tiveram a oportunidade de demonstrar sua notoriedade participando da existência e equilíbrio da vida dos mortais por intermédio de um bom relacionamento com os deuses garantidos por festividades que pleiteavam a existência das condições necessárias para continuidade dos mortais.Feminino; Tesmophorias; Mélissa Segundo Isabela Fernandes no texto, A Festa das Anthestérias e sua referência em Aristófanes,As relações de Dioniso, cujo ritual nos possibilitou o conhecimento de outras celebrações dedicadas a outras divindades, como foi o caso das Tesmophorias de Deméter e Perséfone. Uma das conexões apresentadas pelas divindades aludidas foram os festejos. Uma delas é a cerimônias das Eleusis, ritos de iniciaçáo ao culto das deusas, celebrados em "Elêusis" Eleusis, localidade da Grécia próxima a Atenas. A relaçáo se apresentava nesse ritual de forma analóga entre a passagem das almas, germinaçáo e fertilidade pelo subterrâneo. Os Áticos acreditavam que durante o festival havia uma abertura do mundo dos mortos que voltavam entre os vivos. Era ao mesmo tempo uma celebraçáo da morte e da vida renovada. Os participantes confiavam que durante os festejos, o deus lhes transmitiriam forças vitais promovendo o renascimento na vegetaçáo, numa analogia à perpetuaçáo da vida . Dioniso era ao mesmo tempo um deus primaveril e emissário do mundo subterrâneo. A fartura fora garantida pela abertura das entranhas da terra, de onde surgiu o deus mascarado, trazendo sementes, a primavera, o vinho novo e a horda dos mortos.
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