A escrita de si em Deuses Econômicos de Dyonélio Machado

Autores

DOI:

https://doi.org/10.21680/1983-2435.2024v9n1ID31867

Palavras-chave:

Dyonélio Machado, Deuses Ecônômicos, Escrita de si, Michel Foucault

Resumo

Buscando contribuir para um horizonte de reconfiguração crítica da historiografia de Dyonélio Machado, o presente artigo investiga na obra Deuses Econômicos (1976) a relação das personagens com a imagem de si que transmitem por via das próprias correspondências. Através de uma análise detalhada do papel ocupado pelas cartas no romance, e a prática que Michel Foucault (1992) chamou de escrita de si, pode-se encontrar elementos indicativos sobre como Dyonélio Machado considerava seu próprio trabalho de construção de uma posteridade literária. É de se destacar que alguns dos principais autores citados por Foucault em seu texto (como Sêneca) aparecem citados em Deuses Econômicos, o que indica a relevância de se estabelecer essa relação. Retornamos assim a esse texto que tomou dez anos de pesquisa em Antiguidade clássica por parte de Dyonélio Machado, sugerindo uma originalidade reflexiva a respeito das práticas de criação de uma imagem de si. Essa análise crítica poderia oferecer subsídios para uma investigação historiográfica sobre o escritor, que difere das concepções que consideram sua produção literária como mera expressão irrefletida de suas memórias traumáticas.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Jonas Kunzler Moreira Dornelles, PUCRS

Doutorando em Teoria da Literatura (CNPq/PUCRS, 2024), com doutorado sanduíche na Universidade Goethe de Frankfurt am Main (Alemanha), sob orientação de Judith Kasper (bolsa CAPES/PrInt, 2022/2023). Mestre na linha de pesquisa de Teoria, Crítica e Comparatismo (UFRGS, 2019). Mestre na linha de pesquisa Literatura, História e Memória (PUCRS, 2020), onde também foi bolsista CNPq. É licenciado em Letras (UFRGS, 2014), e cursa também bacharelado em Filosofia (UFRGS/2023). Editor da Revista Letrônica (2020-atual). Desenvolve estudos interdisciplinares entre Filosofia e Teoria da Literatura, tendo publicado trabalhos a partir de abordagens como hermenêutica, pós-estruturalismo, crítica psicanalítica, teoria crítica, pós-colonialismo, neopragmatismo. Pesquisador de literatura sul-riograndense, tem se dedicado há alguns anos a reconfigurar as análises em torno da memória literária do escritor Dyonélio Machado, tendo ganhado o prêmio da Academia Riograndense de Letras em 2020, por seu trabalho "As ironias de Dyonélio Machado em O Louco do Cati".

Referências

ALBÉ, Maria Helena. Uma leitura de Os ratos de Dyonelio Machado. 1983. Dissertação (Mestrado em Letras) - Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 1983.

AGUIAR, Vera Teixeira de; RAABE, Camilo Mattar; COLONETTI, Milton Roberto; PICCINI, Maurício da Silveira. Com a palavra, Dyonelio Machado. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2014. E-book. (Paginação obtida através da impressão do arquivo em formato .pdf).

CAGGIANI, Ivo. João Francisco, a hiena do Cati. Porto Alegre: Martins Livreiro, 1997.

DORNELLES, Jonas Kunzler Moreira. Dyonélio Machado: perspectivas para o estudo de sua vida e obra. 2020. Dissertação (Mestrado em Letras). Programa de Pós-Gradução em Letras, Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2020. Disponível em: https://tede2.pucrs.br/tede2/handle/tede/9451. Acesso em: 07 jul. 2023.

FOUCAULT, Michel. História da Sexualidade, 3. O cuidado de si. Trad. Maria Thereza da Costa Albuquerque. Rio de Janeiro: Graal, 1985.

FOUCAULT, Michel. A escrita de si. In: O que é um autor. Trad. Antônio Fernando Cascais e Eduardo Cordeiro. Lisboa: Vega, 1992. p. 129-160.

FOUCAULT, Michel. A hermenêutica do sujeito. São Paulo: Martins Fontes, 2004.

GRAWUNDER, Maria Zenilda. Instituição literária: análise da legitimação da obra de Dyonelio Machado. Porto Alegre: EDIPUCRS, 1997.

JAGUAR; PERES, Glenio; WOLFF, Fausto. DM, um grande escritor brasileiro (para quem teve a sorte de ler), O Pasquim, nov. 1979, p. 18-19.

MACHADO, Dyonélio. Deuses econômicos. Porto Alegre: Garatuja, 1976.

MACHADO, Dyonélio. Prodígios. São Paulo: Moderna, 1980.

MACHADO, Dyonélio. [Correspondência]. Destinatário: Julieta de Godoy Ladeira. Porto Alegre, 26 out. 1980b. 1 carta. 2 p.

MACHADO, Dyonélio. Sol subterrâneo. São Paulo: Moderna, 1981.

MACHADO, Dyonélio. O cheiro de coisa viva. Rio de Janeiro: Graphia Editorial, 1995.

MACHADO, Dyonélio. Um pobre homem. Brasília: Siglaviva, 2017.

RIBEIRO Jr., João. O que é o positivismo? São Paulo: Brasiliense, 1992.

RODRIGUES, Iara; BONILLA, Aniluz. Além do Cri-cri, Porto Alegre, ano 10, n. 3, mai. 1980, p. 1-3.

SÊNECA, Lúcio Aneu. Cartas a Lucílio. Trad. José Antônio Segurado e Campos. Lisboa: Calouste Gulbenkian, 2004.

SANTOS, Dóris M. Wittmann dos; FILHO, Francisco Carlos dos Santos. Em carne viva: um diálogo imaginário com Dyonélio Machado. Revista Uruguaya de Psicanálisis, Montevidéo, n. 101, 2005, p. 28-40.

Downloads

Publicado

29-02-2024

Como Citar

KUNZLER MOREIRA DORNELLES, J. A escrita de si em Deuses Econômicos de Dyonélio Machado. Revista Odisseia, [S. l.], v. 9, n. 1, p. 1–20, 2024. DOI: 10.21680/1983-2435.2024v9n1ID31867. Disponível em: https://periodicos.ufrn.br/odisseia/article/view/31867. Acesso em: 3 maio. 2024.

Edição

Seção

Artigos