Literatura, violência e fome

pontos convergentes nas linhas d’Os sertões, d’A bagaceira, d’O quinze e Pedra Bonita

Autores

DOI:

https://doi.org/10.21680/1983-2435.2023v8nEspecialID31989

Palavras-chave:

Literatura e violência, Literatura e fome, Literatura e sociedade

Resumo

O artigo aborda as obras Os sertões (1902), de Euclides da Cunha, A Bagaceira (1928), de José Américo de Almeida, O Quinze (1930) de Rachel de Queiroz, e Pedra Bonita (1938), de José Lins do Rego, objetivando identificar pontos em comum, como a violência compositiva da estruturação formal do sertanejo: a fome e o meio – natural e social - hostil. O estudo permite delimitar problemáticas em torno da vida no sertão que, denunciadas na obra euclidiana, são ficcionalizadas pelos romances almeidiano, queiroziano e reguiano, observando-se a relação entre a literatura e o contexto de sua criação. A abordagem possibilita vislumbrar a literatura como forma de provocar reflexões, outras percepções ante a realidade de violência com a qual os indivíduos se habituaram, podendo contribuir para alterar esse quadro, sobretudo quando se verifica, dia a dia, o número crescente das suas vítimas.

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Biografia do Autor

Paula Regina Siega, Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC)

Doutora em Línguas, Culturas e Sociedades pela Universidade de Veneza (2011). Professora visitante na Universidade Estadual de Santa Cruz (Bahia) desde 2014. Pós doutora pela Universidade Federal do Espírito Santo, modalidade DCR-CNPq/FAPES (2012-14). Professora permanente do Programa de Pós-Graduação em Letras - Linguagens e Representações da UESC e do Programa de Pós-Graduação em Letras da UFES. Atua nas linhas de pesquisa Literatura e Interfaces (UESC) e Poéticas da Antiguidade à Contemporaneidade (UFES). Interessa-se pelos seguintes temas: literatura brasileira; representações da antropofagia na literatura e artes brasileiras; representações de categorias sociais e étnicas na literatura brasileira; literatura, história e cultura; leitura e apropriação. Orientadora de Mestrado e Doutorado. Membro do Núcleo Docente Estruturante do Colegiado de Letras e do Comitê Científico da UESC. Co-líder do grupo de Estudos Cânone: dissidências e reexistências (UESC). Membro do grupo Núcleo de Estudos em Transculturação, Identidade e Reconhecimento (Ca Foscari; UFES).

Maria Cláudia Bachion Ceribeli, Universidade Federal do Espírito Santo

Doutoranda em Letras na área de concentração dos Estudos Literários, na Universidade Federal do Espírito Santo. Mestrado em Letras na área de concentração dos Estudos Literários, pela Universidade Federal do Espírito Santo (UFES, 2019).Especialista em Ciências da Educação pela Universidade do Sul de Santa Catarina (UNISUL) e pela Università Ca Foscari Venezia. Licenciatura Plena em Educação Artística pela Universidade de Franca (UNIFRAN). Docente desde 1984, tendo atuado até 2004 na Secretaria da Educação do Estado de São Paulo e, a partir de 2005, na Secretaria da Educação do Estado de Goiás, onde permaneceu até 2010. Entre 2011 e 2015, atuou como professora de Arte no Estado do Espírito Santo. Atualmente é professora efetiva de Arte no Instituto Federal do Espírito Santo (IFES), atuando como coordenadora do Núcleo de Arte e Cultura do Campus Piúma entre 2016 e 2021.

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Publicado

30-11-2023

Como Citar

SIEGA, P. R.; BACHION CERIBELI, M. C. Literatura, violência e fome: pontos convergentes nas linhas d’Os sertões, d’A bagaceira, d’O quinze e Pedra Bonita . Revista Odisseia, [S. l.], v. 8, n. Especial, p. 77–97, 2023. DOI: 10.21680/1983-2435.2023v8nEspecialID31989. Disponível em: https://periodicos.ufrn.br/odisseia/article/view/31989. Acesso em: 22 dez. 2024.