O efeito da frequência de formas verbais no ensino e a produção de frases com o verbo Gustar
DOI:
https://doi.org/10.21680/1983-2435.2023v8n2ID32278Palavras-chave:
Produção de frases, Verbo gustar, Espanhol L2Resumo
Este artigo apresenta um estudo que objetiva analisar evidências de efeito de frequência de formas verbais no contexto de ensino formal e a produção de frases com o verbo gustar em espanhol por aprendizes brasileiros. A literatura mostra que, na aprendizagem da segunda língua, os aprendizes transferem estruturas da primeira língua. Porém, quando há distinções estruturais entre essas línguas, eles podem produzir erros, principalmente, ao se tratar de formas pouco ou não ensinadas. É o caso do verbo gustar (em espanhol), que não equivale totalmente, em termos de uso, ao gostar (em português) e, geralmente, é ensinado com a conjugação incompleta. Assim, a hipótese deste estudo é de que a frequência das formas conjugadas no ensino pode contribuir para a eficácia da produção dos aprendizes. Para avaliar essa hipótese, as produções foram divididas em dois grupos, segundo as formas conjugadas do verbo: 1) com formas conjugadas na terceira pessoa (gusta e gustan) que são mais frequentes no ensino; e 2) com formas conjugadas em primeira e segunda pessoa (gusto, gustas, gustáis e gustamos), que são menos frequentes no ensino. Os dados foram obtidos em tarefa de produção de frases, em que se indicava a forma verbal a ser usada em cada frase. Os resultados evidenciaram produções mais rápidas e acuradas com formas verbais mais frequentes (gusta e gustan), sendo significativa estatisticamente a diferença entre os grupos. Isso mostra que pode ser mais vantajoso aos aprendizes quando o contexto de ensino formal inclui todas as formas conjugadas do verbo gustar.
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