Dandismo, estética queer e consumo: sobre a coleção de Dorian Gray e a performance do eu

Autores

DOI:

https://doi.org/10.21680/1983-2435.2025v10n1ID32638

Palavras-chave:

Dandismo, Oscar Wilde, Estudos queer, Performance, Consumo

Resumo

O dandismo e suas contradições têm auxiliado a pensar identidades queer desde a virada do século XIX. O dândi cultiva uma estética das aparências e pratica uma estetização e estilização do corpo, o que denuncia o caráter performativo da identidade e abala concepções heteronormativas sobre corpo, gênero e sexualidade. A noção de dandismo como performance (e como uma forma de protesto contra o capitalismo industrial moderno) tornou-se a base para modelos contemporâneos de arquétipos identitários gays discutidos pelos estudos gays e queer, assim como para discussões contemporâneas sobre políticas de estilo. Neste ensaio, discuto o capítulo IX de The Picture of Dorian Gray (1890), de Oscar Wilde, o “tratado estético” do romance. Nele, Wilde articula a figura do dândi, Dorian Gray, a uma estética queer através da experiência da coleção de itens raros, exóticos e manufaturados, promovida por uma espiritualização dos sentidos.

Downloads

Biografia do Autor

Andrio Santos, Universidade Federal de Santa Maria

Vinculado ao estágio pós-doutoral do Programa de Pós-Graduação em Letras (PPGL) da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Bolsa PNPD/CAPES, sob supervisão do prof. Dr. Anselmo Peres Alós. O presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – Brasil (CAPES) – Código de Financiamento 001.

Referências

ALÓS, Anselmo Peres. Traduzir o queer: uma opção viável? Estudos Feministas, v. 28, n. 2, Ago./2020. Disponível em <https://doi.org/10.1590/1806-9584-2020v28n260099>. Acesso em: 20 maio 2023.

BAUDELAIRE, Charles. O Pintor da Vida Moderna (1863). In: Poesia e Prosa. Tradução de Ivo Barroso. São Paulo: Nova Aguilar, 1995. p. 851-881.

BAUDRILLARD, Jean. For a Critique of the Political Economy of the Sign (1981). Trandução de Charles Levin. London: Verso, 2019.

BENJAMIN, Walter. Unpacking my Library: a Talk about Book Collecting. In: Illuminations (1968). Tradução de Harry Zohn. New York: Schocken Books, 2007. p. 59-67.

BIRKEN, Lawrence. Consuming Desire: Sexual Science and the Emergence of a Culture of Abundance, 1871-1914. Ithaca, NY: Cornell University Press, 1988.

BRONSKI, Michael. The Pleasure Principle: Sex, Backlash, and the Struggle for Gay Freedom: Culture, Backlash and the Struggle for Gay Freedom (1984). Nova York: St. Martin's, 1998.

BUTLER, Judith. Problemas de gênero. Feminismo e subversão de identidade. Tradução de Renato Aguiar. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2019.

CHAUNCEY, George. Gay New York: Gender, Urban Culture and the Making of the Gay World, 1890-1940. Nova York: Basic Books, 1994.

COHEN, Ed. Talk on the Wilde Side: Toward a Genealogy of a Discourse on Male Sexualities. New York: Routledge, 1993.

D’AUREVILLY, Jules Barbey. Of Dandyism and of George Brummell (1845). Tradução de Douglas Ainslie Douglas (1897). Nova York: PaJ Publications, 1988.

EAGLETON, Terry. Capitalism, Modernism and Postmodernism. New Left Review, n. 1, v. 152, Jul-Ago, 1985, p. 60-73. Disponível em: <https://newleftreview.org/issues/i152/articles/terry-eagleton-capitalism-modernism-and-postmodernism>. Acesso em: 12 abr. 2023.

FINCHER, Max. Queering Gothic in the Romantic Age: The Penetrating Eye. Nova York: Palgrave Macmillan, 2007.

FOUCAULT, Michel. The History of Sexuality. Volume I: An Introduction. Trad. Robert Hurley. Nova York: Pantheon Books, 1978.

GLICK, Elisa. Materializing Queer Desire: Oscar Wilde to Andy Warhol. New York: State University of New York Press, 2010.

HAWKINS, Stan. The British pop dandy: masculinity, popular music and culture (2009). Nova York: Routledge, 2016.

HENNESSY, Rosemary. Profit and Pleasure: Sexual Identities in Late Capitalism. Nova York: Routledge, 2000.

HOLLERAN, Andrew. The Beauty of Men. Nova York: Plume-Penguin, 1997.

JAMESON, Frederic. The Political Unconscious: Narrative as a Socially Symbolic Act. Ithaca, NY: Cornell University Press, 1985.

LUKÁCS, Georg. History and Class Consciousness: Studies in Marxist Dialectics. Trad. Rodney Livingstone. Cambridge: MIT Press, 1972.

MARCUSE, Herbert. Liberation from the Affluent Society. In: BRONNER, Stephen Eric (Ed.); KELLNER, Douglas MacKay (Ed.). Critical Theory and Society: A Reader. Nova York: Routledge, 1989. p. 276-287.

MOERS, Ellen. The Dandy: Brummell to Beerbohm. Lincoln, Nebraska: University of Nebraska Press, 1978.

NIBLOCK, Sarah. Prince: Negotiating the Meanings of Femininity in the Mid-1980s. Tese de Doutorado. Londres: Middlesex University, 2005.

ROSS, Andrew. Uses of Camp. In: ERGMAN, David (Ed.). Camp Grounds: Style and Homosexuality. Amherst: University of Massachusetts Press, 1993. p. 54-77.

SEDGWICK, Eve Kosofsky. The epistemology of the closet (1990). Berkeley, LA: University of California Press, 2008.

SINFIELD, Alan. The Wilde Century: Effeminacy, Oscar Wilde and the Queer Moment. New York: Columbia University Press, 1994.

SONTAG, Susan. Notes on Camp. In: A Susan Sontag Reader (1964). Nova York: Vintage Books, 2014. p. 144-162.

VEBLEN, Thorstein. The Theory of the Leisure Class (1899). Oxford: Oxford University Press, 2009.

WILDE, Oscar. The Picture of Dorian Gray (1890). In: FRANKEL, Nicholas (Ed.). Oscar Wilde: The Uncensored Picture of Dorian Gray. Londres: Cambridge University Press, 2012. p. 55-235.

Downloads

Publicado

05-03-2025

Como Citar

SANTOS, A. Dandismo, estética queer e consumo: sobre a coleção de Dorian Gray e a performance do eu. Revista Odisseia, [S. l.], v. 10, n. 1, p. 1–21, 2025. DOI: 10.21680/1983-2435.2025v10n1ID32638. Disponível em: https://periodicos.ufrn.br/odisseia/article/view/32638. Acesso em: 1 abr. 2025.

Edição

Seção

Artigos