A economia restrita do falo

crítica derridiana à teoria sexual de Lacan

Autores

DOI:

https://doi.org/10.21680/1983-2109.2024v31n66ID35543

Palavras-chave:

Derrida, Lacan, teoria sexual, lógica do signigicante, falocentrismo

Resumo

O artigo analisa a crítica de Jacques Derrida, em “O carteiro da verdade”, ao falocentrismo concernente à lógica do significante proposta por Jacques Lacan. Para isso, mostramos como a desconstrução parte da concepção de que a aposta no falo é um dos modos de Lacan ser fiel à ideia de Sigmund Freud em torno da libido ser masculina. Derrida busca explicitar esse vínculo por meio da interpretação que o psicanalista francês produz do conto “A carta roubada”, de Edgar Allan Poe, uma vez que tal interpretação transformaria a literatura em ilustração da tese freudiana indicada acima. Retomar essa querela de Derrida com Lacan permite não só indicar a força efetiva da crítica desconstrutiva à economia restrita do falo como também defender a hipótese segundo a qual a cena da escrita de Derrida fica demasiadamente presa ao que conheceu de Lacan nos Escritos, o que permite supor que a psicanálise lacaniana possa ter outra teoria sexual que não apenas aquela que a desconstrução visa desmontar.

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Biografia do Autor

Vinícius Dutra, Universidade de São Paulo

Doutorando pelo Programa de Pós-Graduação em Filosofia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da Universidade de São Paulo (USP).

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Publicado

24-12-2024

Como Citar

DUTRA, V. A economia restrita do falo: crítica derridiana à teoria sexual de Lacan. Princípios: Revista de Filosofia (UFRN), [S. l.], v. 31, n. 66, 2024. DOI: 10.21680/1983-2109.2024v31n66ID35543. Disponível em: https://periodicos.ufrn.br/principios/article/view/35543. Acesso em: 6 jan. 2025.