Davidson contra o correspondentismo

Autores

  • César Fernando Meurer Universidade do Vale do Rio dos Sinos.

Palavras-chave:

Referência, Argumento da funda, Frege

Resumo

A possibilidade de determinar átomos linguísticos e a correspondência destes a entidades, átomos igualmente simples no mundo extralinguístico, constitui o núcleo da assim denominada teoria correspondentista da verdade. Tal é o entendimento de Russell e Wittgenstein, considerados os principais defensores dessa perspectiva. Tarski via a sua concepção como uma espécie de teoria correspondentista aperfeiçoada, mas com solução positiva apenas no âmbito das linguagens formalizadas. Davidson, que se apropria da solução de Tarski e pretende adaptá-la à linguagem natural, critica duramente a teoria correspondentista da verdade, considerando-a ininteligível e sem conteúdo. A investigação aqui apresentada visa elucidar essa posição de Davidson para com o correspondentismo. Considera-se que ela é resultado de uma reflexão de natureza lógico-semântica que o autor desenvolveu nas décadas de 60 e 70. Interpreta-se essa reflexão como uma argumentação contra o atomismo, no curso da qual Davidson serve-se de uma estratégia conhecida como ‘argumento da funda’, cujo alcance depende da adesão a uma semântica extensionalista.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

César Fernando Meurer, Universidade do Vale do Rio dos Sinos.

- Doutorando em Filosofia na Unisinos, bolsista da Fapergs.

- Bolsista PDSE da Capes - Proc. nº BEX 9517/14-6.

Referências

BARWISE, J.; PERRY, J. Semantic innocence and uncompromising situations. In: FRENCH, P.; UEHLING, T.; WETTSTEIN, H. (Eds.). Midwest studies in Philosophy, vol. VI – The foundations of analytic philosophy. Minneapolis: Minessota University Press, 1981. p. 387-403.

BRANQUINHO, J. Operador iota. In: BRANQUINHO, J.; MURCHO, D.; GOMES, N. G. (Eds) Enciclopédia de termos lógico-filosóficos. São Paulo: M. Fontes, 2006. p. 561.

BURGE, T. Truth, thought, reason: essays on Frege. Oxford: Oxford University Press, 2005.

CHATEAUBRIAND, O. Logical forms: truth and description. Campinas: CLE Unicamp, 2001.

CHURCH, A. Carnap's introduction to semantics. The Philosophical Review, v. 52, n. 3, p. 298-304, 1943.

CHURCH, A. Introduction to mathematical logic. Princeton: Princeton University Press, 1956.

DAVIDSON, D. Afterthoughts. In: _______. Subjective, intersubjective, objective. New York: Oxford University Press, 2001. p. 154-157. (2001a)

DAVIDSON, D. Causal relations. In: _______. Essays on actions and events. 2.ed. New York: Oxford University Press, 2001. p. 149-162. (2001b)

DAVIDSON, D. Epistemology and truth. In: _______. Subjective, intersubjective, objective. New York: Oxford University Press, 2001. p. 177-191. (2001c)

DAVIDSON, D. Indeterminism and antirealism. In: _______. Subjective, intersubjective, objective. New York: Oxford University Press, 2001. p. 69-84. (2001d)

DAVIDSON, D. Is truth a goal of inquiry? Discussion with Rorty. In: ZEGLEN, U. M. (Ed.) Donald Davidson: truth, meaning and knowledge. New York: Routledge, 1999. p. 15-17.

DAVIDSON, D. The folly to trying to define truth. In: _______. Truth, language and history. New York: Oxford University Press, 2005. p. 19-37. (2005b)

DAVIDSON, D. The logical form of action sentences. In: Essays on actions and events. 2.ed. New York: Oxford University Press, 2001. p. 105-148. (2001e)

DAVIDSON, D. True to the facts. In: _______. Inquiries into truth and interpretation. 2.ed. New York: Oxford University Press, 2001. p. 37-54. (2001f)

DAVIDSON, D. Truth and meaning. In: _______. Inquiries into truth and interpretation. 2.ed. New York: Oxford University Press, 2001. p. 17-36. (2001g)

DAVIDSON, D. Truth and predication. Cambridge: Harvard University Press, 2005. (2005a)

DAVIDSON, D. Truth rehabilitated. In: _______. Truth, language and history. New York: Oxford University Press, 2005. p. 03-17. (2005c)

FREGE, G. Digressões sobre o sentido e a referência. In: _______. Lógica e filosofia da linguagem. Traduzido por Paulo Alcoforado. São Paulo: Cultrix; Editora da USP, 1978. p. 106-116. (1978a)

FREGE, G. Função e conceito. In: _______. Lógica e filosofia da linguagem. Traduzido por Paulo Alcoforado. São Paulo: Cultrix; Editora da USP, 1978. p. 33-57. (1978b)

FREGE, G. O pensamento: uma investigação lógica. Notas e tradução de Claudio Costa. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1999.

FREGE, G. Sobre o sentido e a referência. In: _______. Lógica e filosofia da linguagem. Traduzido por Paulo Alcoforado. São Paulo: Cultrix; Editora da USP, 1978. p. 61-86. (1978c)

GÖDEL, K. Russell's mathematical logic. In: SCHILPP, P. (Ed.) The philosophy of Bertrand Russell. Evanston and Chicago: Northwestern University Press, 1944. p. 125-153.

MEURER, C. Em defesa da teoria correspondencial da verdade: relendo The Problems of Philosophy. Revista de Humanidades, v. 27, n. 1, p. 196-208, 2012.

MEURER, C. Como se relacionam o pensamento e a linguagem com o mundo? Notas de leitura do Tractatus Logico-Philosophicus. Kalagatos, v. 10, n. 19, p. 101-120, 2013. (2013a)

MEURER, C. Tarski: concepção e definição de verdade. Problemata, v. 4, n. 2, p. 170-207, 2013. (2013b)

MEURER, C. Do mundo para a linguagem: a verdade no atomismo lógico de Russell. Intuitio, v. 7, n. 1, p. 182-191, 2014.

NAVIA, R. El argumento antiescéptico de D. Davidson y el pragmatismo. Cognitio-estudos, v. 7, n. 1, p. 01-08, 2010.

NAVIA, R. Qué tiene de nuevo el argumento antiescéptico de D. Davidson. Filosofia Unisinos, v. 12, n. 3, p. 219-227, 2011.

NEALE, S. Facing facts. Oxford: Oxford University Press, 2001.

NEALE, S. The philosophical significance of Godel's slingshot. Mind, v. 104, n. 416, p. 761-825, 1995.

RODRIGUES FILHO, A. Sentidos e propriedades. Abstracta, v. 1, n. 1, p. 40-51, 2004.

ROSADO HADDOCK, G. E. A critical introduction to the philosophy of Gottlob Frege. Hampshire: Ashgate, 2006.

RUFFINO, M. Chateaubriand on the slingshot arguments. Manuscrito, v. 27, n. 1, p. 201-209, 2004.

SANTOS, R. Lições do argumento da funda. In: RIBEIRO, H. J. (Ed.) 1º Encontro nacional de filosofia analítica. Coimbra: Faculdade de Letras, 2003. p. 277-288.

SILVA FILHO, W. J. Externalismo y escepticismo. In: CAORSI, C.; SILVA FILHO, W. J. (Orgs.) Razones e interpretaciones: la filosofia después de Davidson. Buenos Aires: Ediciones Del Signo, 2008. p. 161-179.

SMITH, P. Davidson para além do ceticismo. In: SMITH, P. J. e SILVA FILHO, W. J. (Orgs) Significado, verdade e interpretação: Davidson e a filosofia. São Paulo: Loyola, 2005. p. 127-154. (2005b)

SMITH, P. Davidson, externalismo e ceticismo. In: SILVA FILHO, W. J. (Org.) O ceticismo e a possibilidade da filosofia. Ijuí: Editora Unijuí, 2005. p. 159-180. (2005a)

TUGENDHAT, E. Propedêutica lógico-semântica. Tradução de Fernando Augusto da Rocha Rodrigues. Petrópolis: Vozes, 1996.

VIRDI, A. The slingshot argument, Gödel’s hesitation and tarskian semantics. Prolegomena, v. 8, n. 2, p. 233-241, 2009.

WITTGENSTEIN, L. Tractatus logico-philosophicus. Tradução e apresentação de José Arthur Giannotti. São Paulo: Companhia Editora Nacional; Editora da USP, 1968.

Downloads

Publicado

17-06-2015

Como Citar

MEURER, C. F. Davidson contra o correspondentismo. Princípios: Revista de Filosofia (UFRN), [S. l.], v. 21, n. 36, p. p. 27–62, 2015. Disponível em: https://periodicos.ufrn.br/principios/article/view/6225. Acesso em: 26 abr. 2024.