Sociabilidade e recolhimento meditativo: o cuidado de si como ética dos amantes

Autores

  • Cassiana Lopes Stephan Universidade Federal do Paraná (UFPR). Bolsista CAPES.

Palavras-chave:

Filosofia, Ética

Resumo

De acordo com Foucault, o amor, para os estoicos, pode ser entendido como uma prática filosófica que faz parte do cotidiano daqueles que se dedicam ao governo de si mesmos. O conhecimento de si mesmo e o conhecimento do mundo são incitados pela articulação entre sociabilidade e recolhimento meditativo. Os conselhos dos amigos orientam as meditações do indivíduo que, ao refletir sobre os diferentes modos de interagir com o contexto social e cultural no qual vive, acessa a verdade relativa à multiplicidade da natureza e simultaneamente a verdade concernente à dimensão de sua própria existência. Sendo assim, recorrendo à discussão das análises de Foucault acerca da relação entre o eu e o outro nas práticas estoicas de constituição de si, almeja-se mostrar a importância do amor (philia) para os antigos processos de subjetivação, de maneira a problematizar e recontextualizar a interpretação crítica proposta por Pierre Hadot, segundo o qual Foucault teria desconsiderado a influência do cosmos sobre os exercícios filosóficos, de modo a transformar a ética antiga em uma estética individualista. 

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Biografia do Autor

Cassiana Lopes Stephan, Universidade Federal do Paraná (UFPR). Bolsista CAPES.

Graduada em Filosofia pela Universidade Federal do Paraná. Atualmente, é mestranda no programa de pós-graduação em Filosofia pela UFPR. Dedica-se ao estudo de ética e política em Michel Foucault, Pierre Hadot e o estoicismo.

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Publicado

10-10-2015

Como Citar

STEPHAN, C. L. Sociabilidade e recolhimento meditativo: o cuidado de si como ética dos amantes. Princípios: Revista de Filosofia (UFRN), [S. l.], v. 22, n. 38, p. 41–62, 2015. Disponível em: https://periodicos.ufrn.br/principios/article/view/7403. Acesso em: 28 mar. 2024.