INIQUIDADES INTERSECCIONAIS NO ATENDIMENTO OBSTÉTRICO ÀS MULHERES NEGRAS DE COMUNIDADE QUILOMBOLA

Autores

DOI:

https://doi.org/10.21680/2446-7286.2024v10n2ID34948

Resumo

Introdução: A conjuntura socioeconômica e cultural da mulher negra a coloca em tripla vulnerabilidade, que se explica pelo fato de que ela é vítima do racismo, do preconceito de classe e da discriminação de gênero, e essa interação de diferentes tipos de opressão é explicada pela teoria da interseccionalidade. Esse negligenciamento precariza-se ainda mais quando se reporta para a atenção à saúde.  Objetivo: Compreender como o contexto social da interseccionalidade de raça, classe e gênero refletem no atendimento obstétrico em Saúde Pública de mulheres negras residentes em comunidade quilombola. Metodologia: Trata-se de pesquisa qualitativa de caráter descritivo-exploratório, realizada com duas mulheres negras residentes em comunidade quilombola, localizada em município no interior do estado do Ceará. Como instrumento para coleta de dados, utilizou-se a entrevista semiestruturada, sendo os dados submetidos à análise do discurso. Resultados: Os sujeitos desta investigação conseguem, a partir de situações do quotidiano vivenciadas nos serviços de saúde públicos, identificar exemplos de racismo e/ou preconceito relacionados ao fato de serem mulheres negras e pobres. Assim, a vulnerabilidade interseccional (raça – gênero – classe social) implica em desigualdades no acesso aos serviços de saúde, o que se materializa em violência obstétrica, negligência em relação ao direito da mulher negra sobre o próprio corpo, além de negação da sua subjetividade, o que viola os pressupostos do Sistema Único de Saúde (SUS), particularmente os princípios da universalidade, equidade e integralidade da assistência. Conclusões: Constata-se, portanto, que as iniquidades quanto ao atendimento obstétrico, que afetam majoritariamente as mulheres negras e pobres, apresentam-se como problemática de gestão, denotando o déficit na efetivação de políticas públicas de saúde, ou a sua ausência. Há também a necessidade de que os profissionais de saúde, a partir de educação continuada, tenham um olhar mais holístico, a fim de produzir um atendimento equânime e integral.

Palavras-Chave: Quilombolas; Racismo; Obstetrícia; Classe social; Saúde pública.

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Biografia do Autor

Alycia Lara Souza Damasceno, Escola de Saúde Pública - ESP

Enfermeira pelo Centro Universitario do Vale do Jaguaribe - UNIJAGUARIBE. Pós-graduanda em Residência multiprofissional em Saúde da Família e Comunidade.

 

Amália Gonçalves Arruda, Centro Universitário do Vale do Jaguaribe - UNIJAGUARIBE

Mestra em Saúde Pública pela Universidade Estadual do Ceará (UECE). Bacharela e Licenciada em Enfermagem pela UECE. Atualmente, é e enfermeira do CAPS - Secretaria Municipal de Saúde de Beberibe-CE, e professora do curso de Enfermagem do Centro Universitario Vale do Jaguaribe - UNIJAGUARIBE.

Elane da Silva Barbosa, Universidade Potiguar - UnP

Doutora em Educação pela Universidade Estadual do Ceará - UECE. Mestra em Educação pela Universidade do Estado do Rio Grande do Norte - UERN. Graduada no Curso de Bacharelado e Licenciatura em Enfermagem pela UERN. Atualmente, é Professora do curso de Enfermagem da Faculdade UNINASSAU-Mossoró, e da Universidade Potiguar (UnP), campus Mossoró.

Helder Matheus Alves Fernandes , Universidade Estadual do Ceará - UECE

Nutricionista Graduado pela Faculdade Nova Esperança de Mossoró. Especialista em Nutrição Clínica e Funcional pelo Instituto Nacional de Ensino Superior (INADES). Especialista em Fitoterapia e Plantas Medicinais pelo Instituto Nacional de Ensino Superior. Atualmente, Residente pelo Programa de Residência Multiprofissional em Saúde, com área de concentração em Oncologia no Hospital Haroldo Juaçaba (HHJ) pelo Instituto do Câncer do Ceará (ICC).

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Publicado

29-08-2024

Como Citar

DAMASCENO, A. L. S.; ARRUDA, A. G.; BARBOSA, E. da S.; FERNANDES , H. M. A. INIQUIDADES INTERSECCIONAIS NO ATENDIMENTO OBSTÉTRICO ÀS MULHERES NEGRAS DE COMUNIDADE QUILOMBOLA. Revista Ciência Plural, [S. l.], v. 10, n. 2, p. 1–16, 2024. DOI: 10.21680/2446-7286.2024v10n2ID34948. Disponível em: https://periodicos.ufrn.br/rcp/article/view/34948. Acesso em: 11 out. 2024.