AMAZÔNIA PARAENSE

DOIS SÉCULOS DE EXTRATIVISMO E ESPECIALIZAÇÃO PRIMÁRIO-EXPORTADORA

Autores

  • Adejard Gaia Cruz
  • José Raimundo Barreto Trindade Universidade Federal do Pará

DOI:

https://doi.org/10.21680/2316-5235.2021v10n2ID27428

Resumo

Este trabalho aborda de forma comparativa as contradições e persistências da produção de commodities no estado do Pará, região amazônica, tomando como referência analítica o ciclo da economia da borracha (1900 a 1912) e a fase recente de boom da produção de minério de ferro (2000 a 2012). Argumenta-se essas atividades representam o passado e presente de um modelo primário-exportador, que se modernizou ao longo das décadas superando a forma atrasada e tradicional, convertendo-se em uma forma inteiramente moderna de extração de recursos naturais. Ambas atestaram um rápido crescimento econômico, mas, em contrapartida, revelaram custos econômicos, sociais, culturais e ambientais (especialmente no caso da mineração industrial) para sociedade local e regional, resultante do fornecimento de matéria prima para atender as necessidades de transformação da indústria e de reprodução do capital. A economia da borracha surgiu por impulso da demanda industrial em forte expansão nas economias centrais, tendo se organizado em torno um sistema vertical e excludente de relações sociais que restringia o vazamento de rendas. Por outro lado, a economia mineral do ferro, implantada com amplo apoio do Estado, foi estabelecida como uma proposta modernizante de desenvolvimento e mais integrada a economia local. Em vez disso, a extração de ferro imprimiu ritmo acelerado de produção, com um envolvimento social ainda menor do que a economia da borracha, o que acelerou e especializou as desigualdades, conflitos sociais e ambientais. A comparação histórica revela que a mineração do ferro reproduziu de forma ampliada, as contradições verificadas um século atrás com extração de borracha, revelando-se nos termos de um novo padrão primário-exportador de reprodução do capital. Uma das implicações desse modelo é justamente a concentração de renda e a exclusão social, associado ao baixo enraizamento econômico e social, visto que o caráter especializado da produção, atrelado a uma dinâmica de crescimento para o mercado externo, estabelece poucos linkages com a estrutura produtiva local e regional. Tanto a extração de borracha como a produção minério de ferro representaram, em diferentes épocas, atividades alternativas de transformação econômica e social, mas que em termos históricos não conseguiram se constituir em vetores de desenvolvimento para o estado do Pará e sua região.

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Publicado

03-12-2021

Como Citar

CRUZ, A. G. .; TRINDADE, J. R. B. AMAZÔNIA PARAENSE: DOIS SÉCULOS DE EXTRATIVISMO E ESPECIALIZAÇÃO PRIMÁRIO-EXPORTADORA. Revista de Economia Regional, Urbana e do Trabalho, [S. l.], v. 10, n. 2, p. 6–33, 2021. DOI: 10.21680/2316-5235.2021v10n2ID27428. Disponível em: https://periodicos.ufrn.br/rerut/article/view/27428. Acesso em: 4 out. 2024.