AMBIENTE FÍSICO E SIGNIFICADO AMBIENTAL NO PROCESSO DE RESTAURAÇÃO DO ESTRESSE EM QUARTOS DE INTERNAÇÃO PEDIÁTRICA

Autores

  • Maira Felippe UFSC
  • Maísa Hodecker Departamento de Psicologia, Universidade Federal de Santa Catarina
  • Daniella Zichtl Campos Mariani Pichetti
  • Ariane Kuhnen Departamento de Psicologia, Universidade Federal de Santa Catarina

DOI:

https://doi.org/10.21680/2448-296X.2020v5n1ID18767

Palavras-chave:

psicologia ambiental, ambientes restauradores, significado ambiental, hospital pediátrico, percepção ambiental

Resumo

As mensagens comunicadas pelo ambiente físico são consideradas uma fonte de estresse nos hospitais quando não correspondem às expectativas ambientais dos pacientes. No presente estudo, hipotetiza-se que o ambiente físico hospitalar consinta a recuperação a partir do estresse, caso suscite cognições e afetos de valência positiva. Desse modo, buscou-se identificar atributos físicos visuais de quartos de internação pediátricos que comunicam aos pacientes mensagens ambientais ligadas ao processo de restauração afetiva do estresse. Participaram da investigação 50 pacientes, com idade superior aos 8 anos. A pesquisa se deu em quartos de um hospital pediátrico da Região Sul do Brasil, por meio de entrevistas semiestruturadas a partir de fotografias. Os resultados indicaram que quartos percebidos pelos pacientes como ambientes restauradores foram vistos caracteristicamente como lugares confortáveis, mas também como ambientes alegres, bonitos, tranquilos e reconfortantes. Ao se estabelecer uma correspondência entre esses significados ambientais e os atributos físicos visuais que os geram, este estudo concluiu que as seguintes características do quarto de internação desempenham um papel na comunicação de mensagens ligadas ao processo restaurador: (a) mobiliário adequado; (b) ambiente colorido; (c) acesso visual ao ambiente exterior; (d) acesso a equipamentos que podem oferecer distração positiva; (e) amplitude; e (f) organização da estrutura hospitalar. O estudo de ambientes restauradores através da análise do significado ambiental mostrou-se pertinente, lançando luz sobre alguns dos aspectos que podem promover o bem-estar do paciente pediátrico.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

BARDIN, L. Análise de conteúdo. Lisboa: Edições 70, 1977.

BISHOP, K. G. From their perspectives: children and young people’s experience of a paediatric hospital environment and its relationship to their feeling of well-being. 2008. Tese (Doutorado em Arquitetura) – University of Sydney, Sydney, 2008. Disponível em: https://core.ac.uk/download/pdf/41232261.pdf. Acesso em: 11 set. 2019.

BONNES, M.; FORNARA, F.; BONAIUTO, M. Psicologia ambientale e architettura per la progettazione dei luoghi di cura. In: DEL NORD, R. (org.). L’ospedale del futuro: modelli per una nuova sanità. Padova: Il Prato, 2008. p. 52–61.

CAVALCANTE, S.; MACIEL, R. H. Métodos de avaliação da percepção ambiental. In: PINHEIRO, J. Q.; GÜNTHER, H. (orgs.). Métodos de pesquisa nos estudos pessoa-ambiente. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2008. p. 149–180.

DIETTE, G. B. et al. Distraction therapy with nature sights and sounds reduces pain during flexible bronchoscopya: a complementary approach to routine analgesia. Chest, v. 123, n. 3, p. 941–948, 2003. Disponível em: https://journal.chestnet.org/article/S0012-3692(16)34766-3/fulltext. Acesso em: 11 set. 2019.

FONTANELLA, B. J. B.; RICAS, J.; TURATO, E. R. Amostragem por saturação em pesquisas qualitativas em saúde: contribuições teóricas. Cadernos de Saúde Pública, v. 24, n. 1, p. 17–27, 2008. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-311X2008000100003&lng=pt&tlng=pt. Acesso em: 11 set. 2019.

HARTIG, T. Issues in restorative environment research: matters of measurement. In: FERNÁNDEZ-RAMÍREZ, B. et al. (orgs.). Psicología ambiental 2011: entre los estudios urbanos y el análisis de la sostenibilidad. Almería: Universidad de Almería, 2011. p. 41–66.

NEIVA-SILVA, L.; KOLLER, S. H. O uso da fotografia na pesquisa em psicologia. Estudos de Psicologia, Natal, v. 7, n. 2, p. 237–250, 2002. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-294X2002000200005&lng=pt&tlng=pt. Acesso em: 11 set. 2019.

RAPOPORT, A. The meaning of the built environment: a nonverbal communication approach. Tucson: University of Arizona, 1990.

SAID, I. Architecture for children: understanding children perception towards built environment. In: INTERNATIONAL CONFERENCE OF CHALLENGES AND EXPERIENCES IN DEVELOPING ARCHITECTURAL EDUCATION IN ASIA, 2007, Indonesia. Proceedings of the International Conference of Challenges and Experiences in Developing Architectural Education in Asia. Indonesia: Islamic University of Indonesia, 2007, p. 1–6. Disponível em: http://eprints.utm.my/3575/1/Architectural_EDU2.pdf. Acesso em: 11 set. 2019.

SAID, I. et al. Caregivers’ evaluation on hospitalized children’s preferences concerning garden and ward. Journal of Asian Architecture and Building Engineering, v. 4, n. 2, p. 331–338, 2005. Disponível em: https://www.tandfonline.com/doi/abs/10.3130/jaabe.4.331. Acesso em: 11 set. 2019.

SHUMAKER, S. A.; REIZENSTEIN, J. E. Environmental factors affecting inpatient stress in acute care hospitals. In: EVANS, G. W. Environmental stress. New York: Cambridge University Press, 1982. p. 179–223.

TUAN, Y.-F. Topofilia: um estudo de percepção, atitudes e valores do meio ambiente. São Paulo: Difel, 1980.

ULRICH R. S. Effects of healthcare environmental design on medical outcomes. In: DESIGN & HEALTH WORLD CONGRESS & EXHIBITION, 2000, Stockholm. Proceedings of the Second International Conference on Health and Design. Stockholm: IADH, 2001, p. 49-59. Disponível em https://www.brikbase.org/content/effects-healthcare-environmental-design-medical-outcomes. Acesso em: 11 set. 2019.

ULRICH, R. S. Effects of interior design on wellness: theory and recent scientific research. Journal of Health Care Interior Design, v. 3, p. 97–109, 1991. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/10123973. Acesso em: 11 set. 2019.

ULRICH, R. S. et al. A review of the research literature on evidence-based healthcare design. HERD, v. 1, n. 3, p. 61–125, 2008. Disponível em: https://journals.sagepub.com/doi/abs/10.1177/193758670800100306?journalCode=hera. Acesso em: 11 set. 2019.

ULRICH, R. S. et al. Stress recovery during exposure to natural and urban environments. Journal of Environmental Psychology, v. 11, n. 3, p. 201–230, 1991. Disponível em: https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S0272494405801847?via%3Dihub. Acesso em: 11 set. 2019.

ULRICH, R. S. View through a window may influence recovery from surgery. Science, v. 224, n. 4647, p. 420–421, 1984. Disponível em: http://science.sciencemag.org/content/224/4647/420.long. Acesso em: 11 set. 2019.

VALERA, S.; VIDAL, T. Privacidad y territorialidad. In: ARAGONÉS, J. I.; AMÉRIGO, M. (orgs.). Psicología ambiental. Madrid: Pirámide, 2000. p. 123–147.

VAN DEN BERG, A. E. et al. Green space as a buffer between stressful life events and health. Social Science & Medicine, v. 70, n. 8, p. 1203–1210, 2010. Disponível em: https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S0277953610000675?via%3Dihub. Acesso em: 11 set. 2019.

VAN DEN BERG, A. E.; KOOLES, L.; VAN DER WULP, N. Y. Environmental preference and restoration: (how) are they related? Journal of Environmental Psychology, v. 23, n. 2, p. 135–146, 2003. Disponível em: https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S0272494402001111. Acesso em: 11 set. 2019.

VOLP, C. M. LEA para populações diversas (Relatório Trienal apresentado a CPRT). Rio Claro: UNESP, 2000.

WALCH, J. M. et al. The effect of sunlight on postoperative analgesic medication use: a prospective study of patients undergoing spinal surgery. Psychosomatic Medicine, v. 67, n. 1, p. 156–163, 2005. Disponível em: https://insights.ovid.com/crossref?an=00006842-200501000-00022. Acesso em: 11 set. 2019.

WILLIAMS, A. M.; IRURITA, V. F. Enhancing the therapeutic potential of hospital environments by increasing the personal control and emotional comfort of hospitalized patients. Applied Nursing Research, v. 18, n. 1, p. 22–28, 2005. Disponível em: https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0897189704000874?via%3Dihub. Acesso em: 11 set. 2019.

Downloads

Publicado

23-01-2020

Como Citar

FELIPPE, M.; HODECKER, M.; ZICHTL CAMPOS MARIANI PICHETTI, D. .; KUHNEN, A. . AMBIENTE FÍSICO E SIGNIFICADO AMBIENTAL NO PROCESSO DE RESTAURAÇÃO DO ESTRESSE EM QUARTOS DE INTERNAÇÃO PEDIÁTRICA. Revista Projetar - Projeto e Percepção do Ambiente, [S. l.], v. 5, n. 1, p. 33–48, 2020. DOI: 10.21680/2448-296X.2020v5n1ID18767. Disponível em: https://periodicos.ufrn.br/revprojetar/article/view/18767. Acesso em: 29 mar. 2024.

Edição

Seção

PESQUISA