AUTISMO E MATERNIDADE MIGRANTE: PSICOPATOLOGIZANDO RELAÇÕES EM MOBILIDADE
Resumo
A preocupação deste artigo é fornecer elementos para a reflexão sobre questões impostas a pessoas em mobilidade, por um lado, e, por outro, sobre a perspectiva dos sujeitos destacados por serviços do Estado e da sociedade civil para dar conta desses fluxos em seus locais de chegada, debatendo especificamente os crescentes encaminhamentos de crianças e adolescentes imigrantes, em especial bolivianas, realizados por escolas de São Paulo para Centros de Atenção Psicossocial Infanto-Juvenis (CAPS-IJ) por suspeita de possuírem alguma das muitas gradações do Transtorno do Espectro Autista. Aponto, então, para três dimensões importantes do fenômeno: primeiro, a patologização de migrantes e suas culturas, interpretada por um viés colonialista e crivado de um determinado racismo que consegue atribuir critérios de determinação de personalidade a culturas inteiras, e cria a ideia de culturas autistas ou autistizantes; segundo, para como a interrupção da mobilidade infantil é um evento crítico nesses contextos; e terceiro, para o caráter supostamente patogênico das relações entre mães e filhas migrantes, que resulta na hiper-responsabilização materna sobre a origem do autismo nas crianças.
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