“A BANCA É O MEU PALCO!”: JOGADORES E DEALERS NUM CASINO EM PORTUGAL
DOI:
https://doi.org/10.21680/2238-6009.2020v1n56ID23687Resumo
Nos casinos, tal como acontece na grande generalidade do sector dos serviços, produção e consumo decorrem em simultâneo e no mesmo espaço. O processo de trabalho deriva, como tal, do encontro de subjectividades entre trabalhadores e clientes. Este artigo, baseado numa investigação etnográfica, procura analisar o processo laboral dos pagadores de banca (dealers/croupiers) num dos principais casinos portugueses, particularmente, as dinâmicas relacionais e interactivas entres estes profissionais e os jogadores. Os pagadores de banca, apesar de estrutural e hierarquicamente subordinados, são agentes activos nestas micro-interacções. Desta forma, rejeitam a subordinação interactiva que, normalmente, acompanha a estrutural, empregando um conjunto de estratégias performativas que visam inverter, simbólica e temporariamente, as hierarquias sociais. Gerindo, selectivamente, as suas ofertas estéticas e emocionais, os pagadores de banca constituem-se como agentes não subordinados, controladores, autoritários e superiores. No entanto, ao criar a dignidade na subordinação, estas estratégias tendem a produzir “consentimento” e não emancipação.