LYDIA BRASILEIRA: A VELHICE DO SERTÃO E A PELEJA DECOLONIAL NA PANDEMIA
DOI:
https://doi.org/10.21680/2238-6009.2021v1n58ID27599Resumo
O texto descreve as filmagens do documentário “Lydia mão-molenga brasileira", que versa sobre a última oficina de mamulengos da Mestra Lydia Brasileira, realizada no Sertão do Rio Grande do Norte, na cidade de Caicó, nos primeiros seis meses de 2021. Entre as modelagens e tecidos, alegrias e tristezas, encontros e desencontros, o objetivo do artigo é problematizar o cuidado, a autonomia e o controle dos idosos considerados grupo de risco, em especial as mulheres sertanejas, na crise sanitária da Covid-19. A narrativa se adensa a partir dos relatos da Mestra, no desenrolar da Oficina onde ocorre o documentário. Ainda na oficina, Lydia, em seus 84 anos, desenvolve o trabalho de relembrar a sua vida e os fatos que a oprimiram enquanto mulher: primeiro, na infância em uma família sertaneja proprietária de terras destinadas à criação de gado, centrada em costumes patriarcais e eurocentrados; depois, sobre o arranjo matrimonial com um violento militar, sua separação durante os anos de chumbo, o encontro com a arte dos mamulengos e a perda da autonomia durante a pandemia. A Pandemia de Covid-19 desnuda as práticas autoritárias de cuidado sobre as mulheres idosas.