MAPAS SOCIAIS E A CARTOGRAFIA DO PASSADO: MEMÓRIAS TOPOGRÁFICAS DOS TUXÁ DE RODELAS-BA
DOI:
https://doi.org/10.21680/2238-6009.2018v1n52ID13901Palabras clave:
Etnologia Indígena do Nordeste, Cartografia Social, Memória e ImaginárioResumen
A partir do histórico recente dos Tuxá de Rodelas, povo indígena habitante da margem baiana do rio São Francisco, refletiremos acerca dos impactos sócio-territoriais acarretados por grandes empreendimentos como barragens, hidrelétricas e deslocamentos compulsórios, mas também dos reflexos cartográficos que tais deslocamentos produzem na autorrepresentação dos sujeitos afetados. Para isso, analisamos brevemente o cenário de remoção dos Tuxá em finais dos anos de 1980, quando da construção da hidrelétrica de Itaparica e do subsequente enchimento de seu lago. A hidrelétrica inundou áreas próximas e encobriu totalmente a terra indígena tuxá existente até aquele momento, a Ilha da Viúva, ilha sanfranciscana mantida pelo povo como local de produção agropecuária para subsistência e também como espaço preferencial de práticas rituais. Em seguida, tratamos de alguns usos acadêmicos que pesquisadores tuxá têm realizado de materiais cartográficos antigos, como os mapas históricos da região produzidos sob ordens imperiais, e aventamos a hipótese de que tais usos tuxá de antigos materiais técnicos têm possibilitado novas modalidades de agência indígena no seio do universo acadêmico, no qual continuamente ampliam sua presença. Por fim, buscamos evidenciar como a autorrepresentação cartográfica dos Tuxá atuais faz coexistirem, simultaneamente, a paisagem contemporânea da região em que vivem e as memórias topográficas que, passadas décadas, permanecem centrais para as narrativas e descrições sobre o rio São Francisco antes do represamento.