Institucionalização de regras e rotinas da contabilidade gerencial em uma fundação privada educacional catarinense: abordagem institucional do terceiro setor brasileiro

Autores

DOI:

https://doi.org/10.21680/2176-9036.2021v13n1ID23648

Palavras-chave:

Contabilidade Gerencial. Fundação Privada. Terceiro Setor. Teoria Institucional.

Resumo

Objetivo: Verificar a mudança de regras e rotinas da contabilidade gerencial de uma organização do terceiro setor à luz da Velha Economia Institucional (OIE).

Metodologia: Para analisar a mudança institucional da contabilidade gerencial foi realizada pesquisa documental, descritiva e com abordagem qualitativa. A pesquisa foi aplicada em uma fundação privada educacional catarinense, selecionada por ser entidade integrante do terceiro setor e pela acessibilidade. A coleta de dados ocorreu por meio de entrevistas e documentos, entre os meses de setembro de 2018 e fevereiro de 2019. Para análise dos dados foi utilizada a análise qualitativa de conteúdo.

Resultados: Na abordagem institucional, a mudança da contabilidade gerencial da Fundação foi classificada como formal, revolucionária e progressiva. A institucionalização de regras e rotinas da contabilidade gerencial foi promovida pela necessidade da gestão de ter ferramentas mais ágeis e seguras para apoiar a tomada de decisão. As regras e rotinas da contabilidade gerencial foram modificadas e/ou abandonadas, ao longo do tempo, com a reconfiguração das práticas existentes, para sua inovação. A integração de sistemas da Fundação a partir da padronização e compartilhamento de informações contábeis e fiscais proporcionou melhoria na qualidade das informações, melhor integração com o fisco e rapidez no acesso às informações, suscitando controles mais eficientes, seguros e úteis à gestão.

Contribuições do Estudo: A pesquisa contribui para a literatura contábil por apresentar evidências empíricas sobre o processo de institucionalização da contabilidade gerencial ao longo do tempo, em organizações do terceiro setor brasileiro, sugerindo novos estudos. Como contribuição prática, tem-se a possibilidade de aperfeiçoamento dos modelos de gestão das organizações do terceiro setor por meio do entendimento da dinâmica utilizada no processo de mudança da contabilidade gerencial, pelos agentes envolvidos.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

Abrahamsson, G., & Gerdin, J. (2006). Exploiting institutional contradictions: the role of management accounting in continuous improvement implementation. Qualitative Research in Accounting & Management, 3(2), 126-144. https://doi.org/10.1108/11766090610670668

Agbejule, A. (2006). Motivation for activity-based costing implementation: Administrative and institutional influences. Journal of Accounting & Organizational Change, 2(1), 42-73. https://doi.org/10.1108/18325910610654126

Angonese, R., & Lavarda, C. E. F. (2014). Analysis of the factors affecting resistance to changes in management accounting systems. Revista Contabilidade & Finanças, 25(66), 214-227. https://dx.doi.org/10.1590/1808-057x201410810

Ahrens, T., & Chapman, C. S. (2006). Doing qualitative field research in management accounting: Positioning data to contribute to theory. Handbooks of Management Accounting Research, 1, 299-318.

Assaf Neto, A., Araújo, A. M. P., & Fregonesi, M. S. F. A. (2006). Gestão baseada em valor aplicada ao terceiro setor. Revista Contabilidade & Finanças, 17(spe), 105-118. https://dx.doi.org/10.1590/S1519-70772006000400009

Bardin, L. (2009). Análise de conteúdo. (3a ed.). Lisboa: Edições 70.

Berger, P. L., & Luckmann, T. (1967). The social construction of reality: a treatise in the sociology of knowledge. Anchor Books.

Beuren, I. M., de Souza, L. R. B., & Feuser, H. D. O. L. (2017). Implicações de um centro de serviços compartilhados na contabilidade gerencial: Uma Abordagem Institucional. REAd-Revista Eletrônica de Administração, 23(3), 32-61. Recuperado de http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=401153590003

Beuren, I. M., & Macohon, E. R. (2010). Institucionalização de hábitos e rotinas na Contabilidade Gerencial em indústrias de móveis. Organizações & Sociedade, 17(55), 705-723. Recuperado de http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=400638357008

Borges, G. M. C. (2017). Determinantes dos impedimentos de concessões e transferências de recursos públicos às entidades privadas sem fins lucrativos no Brasil (Tese de doutorado). Universidade de Brasília, Universidade Federal da Paraíba, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, RN, Brasil. Recuperado de http://repositorio.unb.br/handle/10482/22366

Burns, J. (2000). The dynamics of accounting change inter-play between new practices, routines, institutions, power and politics. Accounting, Auditing & Accountability

Journal, 13(5), 566-596. https://doi.org/10.1108/09513570010353710

Burns, J., & Scapens, R. W. (2000). Conceptualizing management accounting change: An institutional framework. Management Accounting Research, 11(1), 3-25. https://doi.org/10.1006/mare.1999.0119

Coyte, R., Emsley, D., & Boyd, D. (2010). Examining management accounting change as rules and routines: the effect of rule precision. Australian Accounting Review, 20(2), 96-109. https://doi.org/10.1111/j.1835-2561.2010.00083.x

Drucker, P. (1997). Administrando em tempos de grandes mudanças. São Paulo: Pioneira.

Fernandes, R. C. (1994). Privado, porém público: o terceiro setor na América Latina. São Paulo: Relume Dumará.

Fischer, R. M. (2002). O Desafio da Colaboração. São Paulo: Gente.

Fischer, R. M., & Falconer, A. P. (1998). Desafios da parceria governo e terceiro setor. Revista de administração, 33(1), 12-19.

Flick, U. (2009). Qualidade na pesquisa qualitativa: coleção pesquisa qualitativa. Bookman Editora.

Goretzki, L., Strauss, E., & Weber, J. (2013). An institutional perspective on the changes in management accountants’ professional role. Management Accounting Research, 24(1), 41-63. https://doi.org/10.1016/j.mar.2012.11.002

Gray, D. E. (2012). Pesquisa no mundo real. Penso Editora.

Guerra, C. E., & Aguiar, A. C. (2007). Institucionalização do terceiro setor brasileiro: da filantropia à gestão eficiente. In Congresso Virtual Brasileiro de Administração (Vol. 4, p. 1-18). Recuperado de http://www.convibra.com/2007/congresso/artigos/188.pdf

Guerreiro, R., Frezatti, F., & Casado, T. (2006). Em busca de um melhor entendimento da contabilidade gerencial através da integração de conceitos da psicologia, cultura organizacional e teoria institucional. Revista Contabilidade & Finanças, 17(spe), 7-21. https://doi.org/10.1590/S1519-70772006000400002

Guerreiro, R., Frezatti, F., Lopes, A. B., & Pereira, C. A. (2005). O entendimento da contabilidade gerencial sob a ótica da teoria institucional. Organizações & Sociedade, 12(35), 91-106. https://dx.doi.org/10.1590/S1984-92302005000400005

Guerreiro, R., Pereira, C. A., & Frezatti, F. (2008). Aplicação do modelo de Burns e Scapens para avaliação do processo de institucionalização da contabilidade gerencial. Organizações & Sociedade, 15(44), 45-62. https://dx.doi.org/10.1590/S1984-92302008000100003

Herbert, I. P., & Seal, W. B. (2012). Shared services as a new organisational form: Some implications for management accounting. The British Accounting Review, 44(2), 83-97. https://doi.org/10.1016/j.bar.2012.03.006

Johansson, I. L., & Baldvinsdottir, G. (2003). Accounting for trust: some empirical evidence. Management Accounting Research, 14(3), 219-234. https://doi.org/10.1016/S1044-5005(03)00045-3

Lavarda, C. E. F., Ripoll-Feliu, V. M., & Barrachina-Palanca, M. (2009). La Interiorización del cambio de un sistema Contable de Gestión en la pequeña empresa. Revista Contabilidade & Finanças, 20(51), 101-115. https://dx.doi.org/10.1590/S1519-70772009000300007

Lavarda, C. E. F., & Popik, F. (2016). Contradições institucionais, práxis e mudança do controle gerencial: Estudo de caso em uma cooperativa. Advances in Scientific and Applied Accounting, 9(2), 119-140. http://asaa.anpcont.org.br/index.php/asaa/article/view/240/159

Lukka, K. (2007). Management accounting change and stability: loosely coupled rules and routines in action. Management Accounting Research, 18(1), 76-101. https://doi.org/10.1016/j.mar.2006.06.006

Machado-da-Silva, C. L., Silva da Fonseca, V., & Crubellate, J. M. (2005). Estrutura, agência e interpretação: elementos para uma abordagem recursiva do processo de institucionalização. Revista de Administração Contemporânea, 9(1), 9-39. http://hdl.handle.net/10438/21727

Marassi, R. B., Wrubel, F., & Rosa, F. S. D. (2014). Análise da Institucionalização de Artefatos de Custos no Controle Gerencial em uma empresa Têxtil. Sociedade, Contabilidade e Gestão, 9(2), 58-79. Recuperado de http://atena.org.br/revista/ojs-2.2.3-06/index.php/ufrj/article/viewArticle/2259

Meyer, J. W., & Rowan, B. (1977). Institutionalized organizations: Formal structure as myth and ceremony. American Journal of Sociology, 83(2), 340-363. https://doi.org/10.1086/226550

Milani Filho, M. A. F. (2009). Resultado econômico em organizações do Terceiro Setor: um estudo exploratório sobre a avaliação de desempenho. Revista Contabilidade e Controladoria, 1(1), 35-44. http://dx.doi.org/10.5380/rcc.v1i1.14710

Oliveira, J., & Quinn, M. (2015). Interactions of rules and routines: re-thinking rules. Journal of Accounting & Organizational Change, 11(4), 503-526. https://doi.org/10.1108/JAOC-11-2013-0095

Oyadomari, J. C., de Mendonça Neto, O. R., Cardoso, R. L., & de Lima, M. P. (2008). Fatores que influenciam a adoção de artefatos de controle gerencial nas empresas brasileiras: um estudo exploratório sob a ótica da teoria institucional. Revista de Contabilidade e Organizações, 2(2), 55-70. https://doi.org/10.11606/rco.v2i2.34705

Paes, J. E. S. (2013). Fundações, Associações e Entidades de Interesse Social: aspectos jurídicos, administrativos, contábeis e tributários. São Paulo: Forense.

Paim, J. D. Q. (2017). Contribuições das universidades comunitárias de Santa Catarina para o desenvolvimento regional na sociedade do conhecimento (Dissertação de mestrado). Universidade do Extremo Sul Catarinense, Criciúma, SC, Brasil. Recuperado de http://repositorio.unesc.net/handle/1/5473

Quinn, M. (2011). Routines in management accounting research: further exploration. Journal of Accounting & Organizational Change, 7(4), 337-357. https://doi.org/10.1108/18325911111182303

Quinn, M., & Hiebl, M. R. (2018). Management accounting routines: a framework on their foundations. Qualitative Research in Accounting & Management, 15(4), 535-562. https://doi.org/10.1108/QRAM-05-2017-0042

Richardson, R. J. (1999). Pesquisa social: métodos e técnicas. São Paulo: Atlas.

Robalo, R. (2014). Explanations for the gap between management accounting rules and routines: An institutional approach. Revista de Contabilidad, 17(1), 88-97. https://doi.org/10.1016/j.rcsar.2014.03.002

Russo, P. T., & Guerreiro, R. (2017). Percepção sobre a sociomaterialidade das práticas de contabilidade gerencial. RAE-Revista de Administração de Empresas, 57(6), 567-584. http://dx.doi.org/10.1590/S0034-759020170605

Scapens, R. W. (1990). Researching management accounting practice: the role of case study methods. The British Accounting Review, 22(3), 259-281. https://doi.org/10.1016/0890-8389(90)90008-6

Scapens, R. W. (1994). Never mind the gap: towards an institutional perspective on management accounting practice. Management Accounting Research, 5(3-4), 301-321. https://doi.org/10.1006/mare.1994.1019

Scapens, R. W. (2006). Understanding management accounting practices: A personal journey. The British Accounting Review, 38(1), 1-30. https://doi.org/10.1016/j.bar.2005.10.002

Scott, W. R. (1995). Institutions and organizations. Foundations for organizational science. London: Sage Publications.

Silva, C. E. G. (2010). Gestão, legislação e fontes de recursos no terceiro setor brasileiro: uma perspectiva histórica. Revista de Administração Pública, 44(6), 1301-1325. Recuperado de http://bibliotecadigital.fgv.br/ojs/index.php/rap/article/view/6964

Silva, C. E. G., & Aguiar, A. C. (2011). Avaliação de Atividades no terceiro setor de Belo Horizonte: da racionalidade subjacente às influências institucionais. Organizações & Sociedade, 18(56), 35-56. Recuperado de http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=400638314003

Silveira, D., & Borba, J. A. (2010). Evidenciação Contábil de Fundações Privadas de Educação e Pesquisa: Uma Análise da Conformidade das Demonstrações Contábeis de Entidades de Santa Catarina. Contabilidade Vista & Revista, 21(1), 41-68. Recuperado de https://revistas.face.ufmg.br/index.php/contabilidadevistaerevista/article/view/815

Siti-Nabiha, A. K., & Scapens, R. W. (2005). Stability and change: an institutionalist study of management accounting change. Accounting, Auditing & Accountability Journal, 18(1), 44-73. https://doi.org/10.1108/09513570510584656

Soin, K., Seal, W., & Cullen, J. (2002). ABC and organizational change: an institutional perspective. Management Accounting Research, 13(2), 249-271. https://doi.org/10.1006/mare.2002.0186

Tolbert, P. S., & Zucker, L. G. (1999). A institucionalização da teoria institucional. In: Clegg, S., Hardy, C., Lawrence, T.B., Nord, W.R. (Eds.), Caldas, M.; Fachin, R.; Fischer, T. (Orgs.), Handbook de estudos organizacionais (pp. 196-219). São Paulo: Atlas.

Van der Steen, M. (2011). The emergence and change of management accounting routines. Accounting, Auditing & Accountability Journal, 24(4), 502-547. https://doi.org/10.1108/09513571111133072

Williamson, O. E. (1991). Comparative economic organization: the analysis of discrete structural alternatives. Administrative Science Quarterly, 36(2), 269-296. DOI: 10.2307/2393356 Recuperado de https://www.jstor.org/stable/2393356

Yazdifar, H., Zaman, M., Tsamenyi, M., & Askarany, D. (2008). Management accounting change in a subsidiary organisation. Critical Perspectives on Accounting, 19(3), 404-430. https://doi.org/10.1016/j.cpa.2006.08.004

Youssef, M. A. (2013). Management accounting change in an Egyptian organization: an institutional analysis. Journal of Accounting & Organizational Change, 9(1), 50-73. https://doi.org/10.1108/18325911311307203

Publicado

02-01-2021

Como Citar

RENÍCIA MARIA INNOCENTI; ROGÉRIO JOÃO LUNKES; VALDIRENE GASPARETTO. Institucionalização de regras e rotinas da contabilidade gerencial em uma fundação privada educacional catarinense: abordagem institucional do terceiro setor brasileiro. REVISTA AMBIENTE CONTÁBIL - Universidade Federal do Rio Grande do Norte - ISSN 2176-9036, [S. l.], v. 13, n. 1, 2021. DOI: 10.21680/2176-9036.2021v13n1ID23648. Disponível em: https://periodicos.ufrn.br/ambiente/article/view/23648. Acesso em: 23 abr. 2024.

Edição

Seção

Seção 7: Internacional (S7)