Os auditores reagem ao comportamento do mercado?

Autores

DOI:

https://doi.org/10.21680/2176-9036.2023v15n2ID31067

Palavras-chave:

relatório de auditoria, opinião de auditoria, valor de mercado, volatilidade, risco

Resumo

Objetivo: O estudo teve por objetivo verificar se os auditores reagem às informações do mercado – volatilidade do retorno das ações e variação do valor de mercado – impactando a propensão à emissão de opinião modificada ou incorporação de parágrafos de ênfase no relatório de auditoria.

Metodologia: Os testes empíricos tiveram por base a estimação de regressões Logit, com dados de 2009 a 2020 de 338 empresas não financeiras listadas na B3, obtidos diretamente no site da CVM e na base de dados da Economatica.

Resultados: Os resultados dos testes revelaram que entidades que registram maior volatilidade do retorno das ações possuem maior probabilidade de receber relatórios de auditoria com modificação de opinião e com parágrafos de ênfase, sugerindo que o auditor percebe essa medida de risco do mercado como um indício de risco de auditoria em relação à entidade, resultando em maior rigor em seus julgamentos, até como forma de autoproteção. Por outro lado, não foi contatada associação entre a variação no valor de mercado e as opiniões modificadas de auditoria ou parágrafos de ênfase, contrariando as expectativas de que quanto maiores as perdas no valor de mercado maior seria a probabilidade de emissão de opinião modificada por parte dos auditores.

Contribuições do Estudo: As evidências empíricas suprem um gap da literatura sobre o tema, que geralmente explora os efeitos do conteúdo do relatório de auditoria no mercado, enquanto este estudo se concentra em explorar a relação inversa – o impacto das informações do mercado nos trabalhos de auditoria. Adicionalmente, os achados contribuem para a melhor compreensão sobre o trabalho dos auditores, servindo de subsídios para os profissionais da área e os reguladores.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

José Alves Dantas, Universidade de Brasília - UnB

Professor da Universidade de Brasília (UnB) e servidor do Banco Central do Brasil, é graduado em Ciências Contábeis e em Administração de Empresas pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), com mestrado e doutorado em Ciências Contábeis pela Universidade de Brasília (UnB). Foi professor da Universidade Paulista (UNIP), do Centro Universitário Unieuro e do Centro Universitário Brasília (Uniceub), além de ter atuado em cursos de especialização na Universidade de Brasília, na Fucape Business School, na Fundação Getúlio Vargas, na Universidade Estadual de Goiás, na Universidade Federal do Rio Grande do Norte e na Universidade Católica de Brasília. Foi editor da Revista Unieuro de Contabilidade entre julho/2008 e junho/2009. Tem artigos publicados nos seguintes periódicos: Revista Contabilidade e Finanças (USP), Revista Universo Contábil (FURB), Revista Contabilidade, Gestão e Governança (UnB), Revista de Contabilidade e Organizações (USP/RP), Advances in Scientific and Applied Accounting (Anpcont), Revista de Administração Mackenzie, Revista Brasileira de Finanças (RBFin), Contabilidade Vista e Revista (UFMG), Enfoque Reflexão Contábil (UEM), Contextus - Revista Contemporânea de Economia e Gestão (UFC) e Revista Economia e Gestão (PUC/MG). Trabalhos de sua autoria estão disponíveis na Social Science Research Network (SSRN), no Working Papers do BCB e foram apresentados em congressos científicos da área contábil nacionais (Enanpad, Anpcont, Congresso Brasileiro de Custos, Congresso USP de Contabilidade e Controladoria e Congresso Brasileiro de Contabilidade) e internacionais (Asian-Pacific Conference e Asamblea do Cladea). Áreas de concentração: contabilidade para usuários externos, instituições financeiras, auditoria e controle interno.

João Lucas Andrade Guimarães, Universidade de Brasília

Graduado em Ciências Contábeis e membro do Projeto de Pesquisa Contabilidade, Auditoria e Governança no Mercado Financeiro e de Capitais - Universidade de Brasília (UnB).

Débora Cristina Alves Santos, Universidade de Brasília

Graduada em Ciências Contábeis e membro do Projeto de Pesquisa Contabilidade, Auditoria e Governança no Mercado Financeiro e de Capitais - Universidade de Brasília (UnB).

Referências

Alexandre, N. O., & Lopes Junior, E. P. (2018). Análise da relação entre níveis diferenciados de governança corporativa e inconformidades dos relatórios dos auditores independentes. RACEF – Revista de Administração, Contabilidade e Economia da Fundace, 9 (1), 64-77. DOI: http://dx.doi.org/10.13059/racef.v9i1.525

Al‐Thuneibat, A. A., Khamees, B. A, & Al‐Fayoumi, N. A. (2008). O efeito das opiniões dos auditores qualificados sobre os preços das ações: evidências da Jordânia. Managerial Auditing Journal, 23 (1), 84-101. DOI: 10.1108/02686900810838182.

Alves Júnior, E. D., & Galdi, F. C. (2019). Relevância informacional dos principais assuntos de auditoria. Revista Contabilidade & Finanças, 31, 67-83.

Batista, C. G., Pereira, A. C., Silva, A. F., & Imoniana, J. O. (2010). Impacto dos pareceres de auditoria na variação do retorno das ações preferenciais das empresas listadas na Bovespa. Anais do Congresso USP de Controladoria e Contabilidade, São Paulo, SP, Brasil, 10.

Bertoldi, P. F., Orth, C. D. O., & Lerner, A. F. (2019). Análise dos relatórios de auditoria das companhias listadas na B3–Brasil Bolsa Balcão SA. Revista de Administração e Contabilidade da FAT, 11(2).

Bronstein, M. M. (2021). Levantamento Bibliométrico: Governança Corporativa, Teoria da Agência e Teoria dos Stakeholders no Campo da Administração. Revista Cadernos de Negócios, 1(1), 24-45.

Bushman, R. M., & Smith, A. J. (2001). Financial accounting information and corporate governance. Journal of accounting and Economics, 32(1-3), 237-333. DOI: https://doi.org/10.1016/S0165-4101(01)00027-1

Cao, Z., Leng, F., Feroz, EH, & Davalos, S. V. (2015). Corporate governance and default risk of firms cited in the SEC’s Accounting and Auditing Enforcement Releases. Review of Quantitative Finance and Accounting, 44(1), 113-138. DOI: https://doi.org/10.1007/s11156-013-0401-9

Carvalho, D. L., Carvalho, L. O., Dantas, J. A., & Medeiros, O. R. (2019). Reação do Mercado à opinião modificada da auditoria: Valor de Mercado e Percepção de Risco. Revista Universo Contábil, 15 (2), 97-115. DOI: http://dx.doi.org/10.4270/ruc.2019214

Damascena, L. G., & Paulo, E. (2013). Pareceres de auditoria: um estudo das ressalvas e parágrafos de ênfase constantes nas demonstrações contábeis das companhias abertas brasileiras. Revista Universo Contábil, 9 (3), 104-127. DOI: 10.4270/ruc.2013324

Damascena, L. G., Paulo, E., & Cavalcante, P. R. N. (2011). Divergências entre Parágrafos de Ressalva e Parágrafos de Ênfase nos Pareceres de Auditoria. Revista de Contabilidade do Mestrado em Ciências Contábeis da UERJ, 16 (2), 50-66. DOI: https://doi.org/10.12979/rcmccuerj.v16i2.5431

Dantas, J. A., Barreto, I. T., & Carvalho, P. R. (2017). Relatório com modificação de opinião: risco para o auditor?. Revista Contemporânea de Contabilidade, 14 (3), 140-157. DOI: http://dx.doi.org/10.5007/2175-8069.2017v14n33p140

Dantas, J. A., Chaves, S. M. T., Sousa, G. A., & Silva, E. M. (2012). Concentração de auditoria no mercado de capitais brasileiro. Revista de Contabilidade e Organizações, 6(14), 4-21. DOI: https://doi.org/10.11606/rco.v6i14.45398

Gómez‐Guillamón, A. D. (2003). The usefulness of the audit report in investment and financing decisions. Managerial Auditing Journal, 18(6/7), 549-559. DOI: https://doi.org/10.1108/02686900310482687

Gujarati, D. N., & Porter, D. C. (2011). Econometria básica. 5ª ed. New York: Amgh.

He, W., Sidhu, B., & Taylor, S. (2019). Audit quality and properties of analysts’ information environment. Journal of Business Finance & Accounting, 46(3-4), 400-419. DOI: https://doi.org/10.1111/jbfa.12358

Hope, O., & Langli, J.C (2010). Auditor Independence in a Private Firm and Low Litigation Risk Setting. The Accounting Review, 85(2), 573-605. DOI: https://doi.org/10.2308/accr.2010.85.2.573

Ianniello, G., & Galloppo, G. (2015). Stock market reaction to auditor opinions–Italian evidence. Managerial Auditing Journal, 30(6/7), 610-632. DOI: https://doi.org/10.1108/MAJ-06-2014-1045

Johnstone, K. M., Gramling, A. A., & Rittenberg, L. E. (2014). Auditing: a risk-based approach to conducting a quality audit. 9th ed. South-Western: Cengage Learning.

Kothari, S. P. (2001). Capital markets research in accounting. Journal of Accounting and Economics, 31(1), 105–231. DOI: https://doi.org/10.1016/S0165-4101(01)00030-1

Krishnan, J., & Krishnan, J. (1996). O papel dos trade-offs econômicos na decisão de opinião de auditoria: uma análise empírica. Journal of Accounting, Auditing & Finance, 11(4), 565-586.

Lee, H. L., & Lee, H. (2013). Do Big 4 audit firms improve the value relevance of earnings and equity?. Managerial Auditing Journal, 28(7), 628-646. DOI: https://doi.org/10.1108/MAJ-07-2012-0728

Lennox, C. S., Schmidt, J. J., & Thompson, A. M. (2022). Why are expanded audit reports not informative to investors? Evidence from the United Kingdom. Review of Accounting Studies, 1-36. DOI: https://doi.org/10.1007/s11142-021-09650-4

Li, C., Song, F.M. & Wong, S.M. (2008). A continuous relation between audit firm size and audit opinions: evidence from China. International Journal of Auditing, 12(2), 111-127. DOI: https://doi.org/10.1111/j.1099-1123.2008.00374.x

Marques, V. A (2016). Qualidade das informações contábeis e o ambiente regulatório: evidências empíricas no período de 1999 a 2013. Dissertação de Mestrado, Universidade Federal de Minas Gerais, Brasil.

Marques, V. A., Louzada, L. C., Amaral, H. F., & de Souza, A. A. (2018). O poder da reputação: evidências do efeito big four sobre a opinião do auditor. Revista Contemporânea de Contabilidade, 15 (35), 03-31. DOI: https://doi.org/10.5007/2175-8069.2018v15n35p3

Miranda, P. F. D. C. (2021). Expectation Gap e o risco de auditoria. Dissertação de Mestrado, Instituto Superior de Contabilidade e Administração do Porto, Portugal.

Murcia, F. D. R., Borba, J. A., & Schiehll, E. (2008). Relevância dos red flags na avaliação do risco de fraudes nas demonstrações contábeis: a percepção de auditores independentes brasileiros. Revista Universo Contábil, 4 (1), 25-45. DOI: http://dx.doi.org/10.4270/ruc.20084

NBC TA 200 (R1), de 05 de setembro de 2016. (2016). Dispõe sobre os objetivos gerais do auditor independente e a condução da auditoria em conformidade com as normas de auditoria. Recuperado de: https://www1.cfc.org.br/sisweb/SRE/docs/NBCTA200(R1).pdf

NBC TA 315 (R2), de 02 de setembro de 2021. (2021). Dispõe sobre a identificação e a avaliação dos riscos de distorção relevante por meio do entendimento da entidade e do seu ambiente. Recuperado de: https://www1.cfc.org.br/sisweb/SRE/docs/NBCTA315(R2).pdf

NBC TA 706 (R2), de 04 de julho de 2016. (2016). Dispõe sobre parágrafos de ênfase e parágrafos de outros assuntos no relatório do auditor independente. https://www1.cfc.org.br/sisweb/SRE/docs/NBCTA706.pdf

Newman, D. P., Patterson, E. R., & Smith, J. R. (2005). The role of auditing in investor protection. The Accounting Review, 80 (1), 289-313. DOI: https://doi.org/10.2308/accr.2005.80.1.289

Ojo, M. (2008). The role of the external auditor in the regulation and supervision of the UK banking system. Journal of Corporate Ownership and Control, 5 (4), 1-21.

Pereira, F. R., de Almeida Machado, N. V., Taboada Pinheiros, L. E., & Ribeiro Dutra, S. (2019). Auditoria contábil: Um estudo acerca da relação entre o relatório dos auditores e as características da empresa auditada. Capital Científico, 17(2).

Pimentel, A. N., Durso, S. O. (2018). Fatores Preditivos do Tipo de Parecer de Auditoria Independente. Xv Congresso USP de Iniciação Científica em Contabilidade, 1-13.

Pontes, D. M., Dantas, J. A., & Nunes, D. M. S. (2020). Modificação de Opinião dos Auditores por Risco de Continuidade Operacional no Brasil. Revista Contabilidade e Controladoria, 12(1), 28-47. DOI: http://dx.doi.org/10.5380/rcc.v12i1.71085

Sant'Ana, N. L. S., & Sant'Ana, P. C. P. (2021). Percepção de confiança na auditoria independente: índice de qualidade. Contabilidade Vista & Revista, 32 (2), 258-282. DOI: https://doi.org/10.22561/cvr.v32i2.6555

Santos, P. B. C. (2015). "As características da empresa são determinantes do tipo de relatório de auditoria?". Dissertação de Mestrado, Universidade de Lisboa. Instituto Superior de Economia e Gestão, Portugal.

Santos, A. D., & Grateron, I. R. G. (2003). Contabilidade criativa e responsabilidade dos auditores. Revista Contabilidade & Finanças, 14 (32), 07-22. DOI: https://doi.org/10.1590/S1519-70772003000200001

Segura, A. S., & Molina, G. S. (2001). El informe de auditoría y su relación con las características corporativas. Spanish Journal of Finance and Accounting/Revista Española de Financiación y Contabilidad, 30(108), 349-391. DOI: https://doi.org/10.1080/02102412.2001.10779420

Souza, B. F., & Nardi, P. C. C. (2018). Influência da Opinião do Auditor no Retorno das Ações das Empresas Brasileiras de Capital Aberto. Revista Contabilidade, Gestão e Governança, 21 (2), 250-270. DOI: https://doi.org/10.21714/1984-3925_2018v21n2a6

Downloads

Publicado

04-07-2023

Como Citar

DANTAS, J. A.; GUIMARÃES, J. L. A.; SANTOS, D. C. A. Os auditores reagem ao comportamento do mercado?. REVISTA AMBIENTE CONTÁBIL - Universidade Federal do Rio Grande do Norte - ISSN 2176-9036, [S. l.], v. 15, n. 2, p. 41–60, 2023. DOI: 10.21680/2176-9036.2023v15n2ID31067. Disponível em: https://periodicos.ufrn.br/ambiente/article/view/31067. Acesso em: 22 nov. 2024.

Edição

Seção

Seção 1: Contabilidade Aplicada ao Setor Empresarial (S1)